Viajando para aprender

Por: Redação -
25/11/2014

Esse mês fui conhecer a “capital náutica do mundo” ou melhor dizendo, Fort Lauderdale, nos Estados Unidos. Realmente a cidade respira o ambiente náutico. Desde os restaurantes com decorações temáticas ligadas ao mar, até o corre-corre de marinheiros falando sobre soluções encontradas para seus barcos.

Tenho que agradecer ao mais que navegador brasileiro Fernando Passow quem me recebeu muito bem e me apresentou um mundo de possibilidades sobre o universo náutico.

Bater um papo com Passow já se trata de uma verdadeira aula sobre cruzar oceanos. Não tem coisa que cruzeirista mais gosta de fazer do que tomar uma gelada e contar histórias e olha, vou defender a categoria, não são estórias de pescador, são histórias de navegador. Quem já viveu no mar a bordo sabe bem o que estou dizendo, a primeira coisa a fazer quando se joga a âncora é buscar o ponto de encontro da comunidade cruzeirista local, pedir uma cerveja e começar a fazer amigos.

Passow tem dois Atlânticos em sua rota de vida como velejador e em um deles uma experiência que nenhum marujo quer passar, mas se passa, tem orgulho de dizer que passou. Fernando topou com seu veleiro em um cargueiro quando chegava às Bahamas. Nando, como é conhecido entre os amigos da vela, teve que, literalmente, abandonar o barco e começar tudo de novo e olha que mesmo assim, antes de sair de sua embarcação, tentou sangrar o motor, tratar o barco com fibra de vidro… Tudo pra tentar salvar, mas acabou ele sendo salvo pelo próprio cargueiro. Começou de novo.

Bem, começar de novo é algo que para quem vive no mar e do mar é bastante comum. Saber dar um passo para trás, sacrificar alguns confortos e nunca desistir do sonho. Já dizia Amyr Klink, o pior naufrágio é aquele que não sai do porto. Então continuemos. Marinheiro que é marinheiro tem que seguir em frente, sempre…

Em Fort Lauderdale, conheci a maior marina dos Estados Unidos, a Lauderdale Marine Center. São centenas de barcos de todos os tipos passando por manutenção, reforma, limpeza. A grandiosidade do local impressiona e a vontade, para quem gosta, é de visitar cada um daqueles iates. Vi barcos de pesca esportiva, barcos de alto desempenho, iates, veleiros, lanchas, catamarãs, traineiras, canoas e superiates extraordinários. Uma estrutura enorme que garante segurança e confiança para quem escolhe deixar o barco lá.

Conheci alguns marinheiros que trabalham a bordo, inclusive mulheres. Eles geralmente são capitães, engenheiros, elas, colocam ordem na casa! São supervisoras gerais da tripulação. Mais uma forma diferente, uma nova possibilidade, para quem quer ter a experiência da vida a bordo. Nesse caso, com muito mais luxo e conforto, pois tratam-se de verdadeiros apartamentos flutuantes. Porém o que vale é o contato com o mar, a vida de viajante e o trabalho náutico, que para quem gosta já é bastante prazeroso.

Passow vive em Fort Lauderdale com seu cachorro Mak a bordo do Free Spirit, um veleiro fabricado em Hong Kong em 1979. A vida é tranquila, viver a bordo não tem imposto e Fort Lauderdale é uma cidade sem preconceito. Visitei o Free Spirit, e vi que é bastante organizado para um homem solteiro. A vida a bordo nos ensina a ser econômicos e a viver em pequenos espaços. Aliás, em tempos de seca em São Paulo eu indicaria uma temporada a bordo para aprender rapidinho como viver com pouca água e com pouco de tudo. Numa próxima falo sobre isso. Marinheiro que é marinheiro tem que seguir em frente. Hoje estou aqui amanhã não sei.

Fotos: Arquivo Pessoal

 

Marcela Rocha é instrutora de mergulho, jornalista, locutora de rádio, velejadora nas horas vagas e, acima de tudo, muito feminina

 

 

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