Adesão da Volvo Penta brasileira à campanha Mares Limpos dá impulso à expansão da ideia para os outros braços da marca

Por: Redação -
29/12/2019

O plástico há muito tempo foi identificado como uma das principais causas de danos ambientais: polui rios, degrada destinos turísticos e, quando chega ao oceano, é culpado pela morte de peixes e de animais como baleias e tartarugas, que o confundem com alimentos. Cerca de 8 milhões de toneladas de plástico (galões, garrafas, sacolas, redes de pesca e coisas bem piores) chegam aos nossos mares todos os anos, gerando fenômenos como o chamado “Grande Lixão do Pacífico”, uma inacreditável “sopa” flutuante de detritos plásticos que se estende quase da costa dos Estados Unidos até as proximidades do Japão. Nada menos que uma das maiores tragédias ecológicas de nosso tempo.

Felizmente, existem ações para reverter esse quadro, como a campanha “Só jogue na água o que o peixe pode comer”, promovida por NÁUTICA há mais de 20 anos e que espalha a mensagem entre os donos de barcos e amantes da navegação sobre a importância da preservação de nossas águas. Além disso, há dois anos, nasceu a campanha Mares Limpos (Clean Seas), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente). Considerada uma das mais importantes bandeiras contra a poluição plástica dos oceanos, a Mares Limpos mobiliza governos, ativistas, empresas e a sociedade civil. O objetivo é impedir que se confirme uma estimativa dramática: a de que em 2050 os mares terão mais plásticos do que peixes.

Entre as empresas que aderiram a essa campanha está a Volvo Penta, braço náutico do Grupo Volvo, sediado na Suécia e com forte presença no Brasil, com seus motores marítimos para embarcações comerciais e de lazer — é a força propulsora por trás de inovações como o IPS e o Forward Drive, que facilitam a navegação, tornando-a mais agradável e divertida. Inicialmente, apenas a Volvo Penta do Brasil se associou à causa da ONU. Agora em outubro, durante a feira náutica de Fort Lauderdale, foi a vez do braço americano da empresa sueca aderir à campanha. E para o ano que vem está previsto o engajamento do Grupo Volvo como um todo, com a realização de ações globais de defesa do meio ambiente, com restrição do uso do plástico.

Com a adesão à Mares Limpos, em um primeiro momento, a Volvo Penta se comprometeu em descontinuar o uso de plásticos em seus escritórios, assim como em eventos, itens de merchandising e embalagens de produtos. Essa ação se limitaria à Volvo Penta, que é uma das empresas do Grupo Volvo. Porém, toda a unidade da Volvo Curitiba (que reúne 4 mil funcionários) decidiu assumir o compromisso de descontinuação do uso de plástico dentro da fábrica, desde o copinho de café até a capa dos assentos dos caminhões. A empresa também assumiu o compromisso de fazer investimentos em pesquisa e promover ações de conscientização com clientes e outros públicos do mercado náutico sobre este assunto. “Agora, estamos nos preparando para dar início à segunda fase do programa, provavelmente no começo de 2020, com eliminação do plástico não apenas das embalagens como também de alguns componentes de nossos produtos”, conta Thiago Teixeira, head de marketing da Volvo Penta.

A essência dessa ação está resumida na frase “daqui pra frente, sem plástico”, que estampou a camiseta usada pelo pessoal da Volvo Penta na hora de revelar o compromisso assumido pela empresa com a ONU Meio Ambiente, durante o Rio Boat Show, no mês de abril. “O respeito ao meio ambiente é um valor primordial da Volvo Penta. Queremos colaborar com uma bandeira importante contra a poluição plástica dos oceanos ao lado da campanha Mares Limpos da ONU Meio Ambiente”, afirma Gabriel Barsalini, vice-presidente da Volvo Penta South America.

Como o melhor exemplo é aquele que vem de casa, no estande da Volvo Penta durante o São Paulo Boat Show foi abolido o uso de qualquer copo ou garrafa de plástico. “Tem gente que pensa que o problema não está perto de nós. Que está em Bali, que está na Índia. Mas tem tartaruga morrendo na Barra da Tijuca”, diz Thiago Teixeira, reafirmando a necessidade de uma campanha de conscientização, da qual fazem parte também as redes sociais da empresa. “As pessoas que acessarem no nosso Instagram podem reforçar nossas mensagens, postando casos testemunhados de maus tratos à natureza, como o uso de canudinhos, por exemplo, ou de descarte de lixo na praia. Também podem reforçar ações positivas que encontrarem por aí, compartilhando fotos e vídeos”, completa.

Para a campanha alcançar o máximo de pessoas possível — dos clientes da empresa a marinheiros de barcos de lazer, passando por donos de estaleiros —, a Volvo Penta também convidou algumas pessoas que defendem o meio ambiente para gravar depoimentos sobre o assunto. Como a ativista Fernanda Cortez, idealizadora da plataforma de educação ambiental “Menos 1 Lixo”, que reforça a mensagem de que não podemos continuar transformando nossos oceanos em uma sopa de plástico.

Segundo ela, até os anos 1950, nós vivíamos um outro estilo de vida, em que não existiam produtos descartáveis. “A partir daí, fomos mudando de hábitos, para um modelo um tanto equivocado de conforto, por conta do nosso egocentrismo. ‘É só um copinho, é só um canudinho, é só um talherzinho’. Parece inofensivo. Mas, quando se vai ver, se produziu uma montanha de lixo”, afirma. A ativista lembra que não é só uma parte da sociedade que está por trás disso, ou um tipo de consumo, ou um recorte de estado, de classe, idade ou gênero. “O problema é sistêmico. E para enfrentar problemas sistêmicos, temos de ter soluções sistêmicas. A economia circular é uma delas. A pesquisa, outra. Mas, antes de tudo, mudança começa com a gente”, diz. Pequenas atitudes diárias, lembra ela, ajudam na redução do uso do plástico descartável. “É o momento de cada um de nós entender o seu poder de ação, de mobilização, de mudança. De eliminar as cápsulas de café de máquina, por exemplo, voltando ao café de coador. De minha parte, comecei com a troca do copo descartável por um copo retrátil. Em um ano, economizei 1618 copos”, afirma.
Os números são eloquentes e falam por si. Cada família brasileira usa, em média, 66 sacolas plásticas de supermercado por mês. Se na sua casa são 4 pessoas, vocês, juntos, consomem mais ou menos 264 sacolas por mês! O problema é que as sacolinhas são feitas de um material fino demais para ser reciclado. A maioria delas vai sem escalas para o ambiente — onde, estima-se, demora uns 200 anos para se decompor. “Em um país no qual metade dos municípios do país tem lixões, isso é inadmissível”, protesta Fernanda, para quem, historicamente, o brasileiro sempre usa os rios para se livrar daquilo que não quer mais. “Os oceanos são apenas a ponta do iceberg”, acredita a idealizadora da plataforma de educação ambiental “Menos 1 Lixo”.

Muitos países baniram as sacolas plásticas de seu dia a dia. Na Dinamarca, por exemplo, cada família usa apenas quatro sacos plásticos retornáveis multiúso por ano. Por tudo isso, é muito importante que as empresas abracem causas como a campanha Mares Limpos, da ONU Ambiental. Se os oceanos morrerem, a gente também morre.

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