Você sabe quando aplicar a técnica da metalização nos motores?

12/12/2016
A metalização é uma forma pouco conhecida, mas acessível e prática, de preservar partes do motor que sofrem o ataque do álcool presente na gasolina

Como qualquer máquina, um motor de barco tem uma série de componentes, como filtros, óleo do cárter (nos motores quatro tempos), óleo da transmissão, rotores e anodos, que precisam ser substituídos em determinados intervalos. Porém, são realmente os componentes metálicos do sistema de combustível — castigados pela presença do álcool na gasolina e pelo uso inconstante da lancha (muitas vezes, o motor do barco fica parado por dois meses ou mais…) —, que nos obrigam a chamar o mecânico. A boa notícia é que existe uma forma de manter a integridade dessas peças que ficam em contato com o combustível: a metalização.

Trata-se de uma técnica que consiste em aplicar um metal (geralmente níquel, cromo ou a combinação de ambos) na superfície desejada, usando-se, para isso, uma chama oxiacetilênica — a mais comum em relação a processos de soldagem e feita à base de oxigênio e acetileno. A metalização pode ser usada em componentes feitos de diferentes tipos de metais (aço, ferro, alumínio, bronze, latão, estanho e zinco, entre outros) e, também, para o preenchimento de superfícies desgastadas. O tratamento evita que a peça gere elementos indesejados, os quais impedirão partes do carburador (nos motores menores e nos mais antigos), das bombas de combustível e dos bicos injetores de funcionar corretamente — e, quando isso acontece, não tem jeito: você tem que chamar o mecânico. “Tinha um cliente de um motor de popa de 40 hp que me ligava regularmente para limpar o carburador. Bastava o motor ficar um mês sem ir para a água para ele me ligar, aflito. Porém, depois que a cuba do carburador foi metalizada, nunca mais me chamou! Perdi um cliente, mas ganhei um amigo”, brinca o mecânico Edno Ribeiro Machado, proprietário da oficina náutica ERM, na região da represa de Guarapiranga, em São Paulo.

Antes e depois: a cuba do bico injetor de um motor de popa após receber o processo de metalização
Antes e depois: a cuba do bico injetor de um motor de popa após receber o processo de metalização

Mesmo superfícies novas podem receber a metalização, tornando-se, assim, resistentes ao ataque do álcool — nosso principal problema nos motores a gasolina (que tem 27,5% de álcool nas versões comum e aditivada e 25% na Podium, da Petrobras), tanto de popa quanto de centro. Aliás, uma das vantagens desta técnica é, justamente, não provocar alterações na peça original, já que não há variação excessiva de temperatura no processo. Outra vantagem é o custo acessível. Apenas para citar alguns exemplos, a ERM cobra R$ 250 por cilindro para retirar, metalizar e reinstalar as caixas dos bicos injetores de um motor — portanto, se forem três cilindros, o serviço ficará em R$ 750. Para fazer o mesmo com a cuba de um carburador (algo, geralmente, executado em propulsores mais antigos), o preço é R$ 200 por unidade. Já a metalização de um separador de vapor (de qualquer motor) sai por R$ 700, enquanto a da mufla (que faz a junção dos gases do escapamento e da água de refrigeração do motor) custa R$ 2 mil, por causa do tamanho dessa peça.
Recuperar uma peça metálica com outro metal mais nobre é uma técnica que existe já há algum tempo, tendo sido usada em alguns motores aquáticos no passado. Nos dias atuais, por causa do aumento do teor de álcool na gasolina americana, muitos motores já vêm preparados para o nosso combustível. E vários componentes metálicos de alguns propulsores aquáticos foram substituídos por plásticos de alta resistência.

A técnica consiste em aplicar um metal (geralmente níquel, cromo ou os dois juntos) na superfície desejada, a fim de evitar a corrosão
A técnica consiste em aplicar um metal (geralmente níquel, cromo ou os dois juntos) na superfície desejada, a fim de evitar a corrosão

Quanto tempo dura?
A metalização não tem vida útil eterna, mas ajuda um bocado

Há controvérsias em relação a durabilidade do processo de metalização. Alguns falam em 10 anos de garantia e outros dizem que a camada metálica depositada acaba se soltando antes deste período. Porém, é fato que a metalização melhora, por um bom tempo, os danos causados pelo álcool em boa parte dos motores aquáticos. Mas o fato de minimizar problemas em componentes do motor que têm contato com gasolina não significa a dispensa da visita regular de um profissional ao seu barco. A manutenção deve  sempre ser seguida à risca.

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