Sul-africano destaca desafios de uma das maiores regatas do mundo, a Cape to Rio

Por: Redação -
04/12/2020
Foto: Aline Bassi

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O Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano em Ilhabela (SP) – 20 anos da Copa Suzuki – que contou com 400 velejadores teve um participante especial. O sul-africano Ken Venn, de 50 anos, recordista de uma das mais importantes regatas do mundo, a Cape to Rio (Cidade do Cabo – Rio de Janeiro), que teve vitória brasileira em janeiro deste ano e terá sua especial em comemoração aos 50 anos com largada marcada para 2 de janeiro de 2023.

Venn é casado com uma brasileira, mudou-se para São Paulo pouco antes da pandemia e disputou apenas sua segunda competição no Brasil após participar anos atrás da Semana de Vela de Ilhabela. A participação na Copa Suzuki foi especial. Venn correu na classe IRC pelo barco Rudá/Blue Seal, que foi seu barco por 10 anos. Mario Martinez, atual comandante, convidou Venn para a disputa como navegador da tripulação:  “Fantástico velejar aqui, o mar, o vento, a competição é excelente. Tenho uma longa história com esse barco , velejei com ele na Cidade do Cabo, o barco vem de lá, foi construído em Dubai, sei tudo sobre ele”, afirmou.

E ele tem muita experiência em grandes competições de Vela de Oceano. Já realizou uma vez a The Ocean Race, antiga Volvo Ocean Race, de volta ao mundo, entre 1997-1998 pelo Toshiba, barco americano de 60 pés, com tripulação de vários atletas espalhados pelo mundo. Já esteve na Americas Cup e por quatro vezes participou da Cape to Rio, com largada na Cidade do Cabo e chegada no Iate Clube do Rio de Janeiro, onde bateu o recorde com 7 dias 20 horas e 24 minutos no barco Love Water este ano (pelo tempo corrigido o vencedor foi o barco Mussulo 40, baseado em Ilhabela .

A Cape to Rio é uma das mais tradicionais e longas regatas de oceano do mundo. Ela completaria 50 anos em 2021, mas por conta da pandemia foi adiada para 2023 com o objetivo de colocar pelo menos 50 barcos na raia. Ken vem ajudando na divulgação da regata no Brasil.

“Para 2023 há uma expectativa de uma flotilha de 50 barcos talvez mais. Muitos anos atrás tínhamos cerca de 100 barcos na raia (129 em 1976), mas a última em 2020, tivemos 22. Para 2023 queremos mais barcos próprios vindos da Europa, EUA e Brasil. A regata acontece entre a The Ocean Race e grandes eventos do mundo, timing bom para vários barcos do mundo virem”, aponta o sul-africano que destaca o porquê da Cape to Rio ser uma das melhores regatas transoceânicas do mundo com cerca de 3 300 milhas náuticas navegadas.

“Alguém que queira fazer uma regata de oceano transoceânica talvez seja a melhor a se fazer pelas condições do tempo, a rota , a cidade onde se larga e onde se termina. É longa, mas não tão longa. Você vai beirando o trópico e o desafio não é o tanto de vencer o vento, mas sim os locais sem vento e onde achar . Você veleja em boas condições.Não existe tempo super ruim no Atlântico Sul. São ventos alísios, vento a favor de downwind, tempo mais quente, mas não tão quente, e um ambiente  excelente. Chamamos de Champagne Sailing”, aponta Ken que destaca um paralelo que a Cape to Rio traz com os dias atuais de pandemia da Covid-19.

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“Parte da navegação é a questão mental, o jogo mental. Por 15, 20 dias ter a atitude correta em sua cabeça. Em 2020 muita gente está trancada em casa por muito tempo pela pandemia com muita coisa a fazer, então na Cape to Rio é mais ou menos parecido, você fica no barco, e acaba aprendendo a lidar com situações muito facilmente. É um aprendizado para a vida toda.”

Ken acrescenta que disputar da Cape to Rio credencia o velejador e a tripulação, sejam amadores ou profissionais, a disputarem a Volta ao Mundo.

“Podemos comparar em dois níveis. Na perspectiva da regata que seria como velejar uma perna da The Ocean Race . Se você veleja nesse nível na Cape to Rio você tem o mesmo nível para estar na The Ocean Race.  Se você é um amador é quer ter uma experiência similar da Volta ao Mundo, venha fazer a Cape to Rio, vai experimentar. E fica contigo a intensidade que vai colocar no barco, fica no cargo da tripulação”.

O barco Rudá/Blue Seal, da tripulação santista comandada por Martinez, terminou o Brasileiro IRC em quarto lugar e foi campeão no geral nas três etapas da Copa Suzuki ao longo do ano.

Mesmo ainda faltando mais de dois anos para a largada, a Cape to Rio 2023 já tem dois barcos inscritos e o barco brasileiro Minna, da comandante Elisa Mirow, se prepara para a disputa.

O Campeonato Brasileiro de Vela de Oceano em Ilhabela (SP) foi realizado durante os 20 anos da Copa Suzuki e teve a presença de cerca de 400 velejadores de todo o Brasil e barcos dos estados de SP, RJ, RS e ES.

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