Maior trilha aquática do Brasil, Rota dos Pioneiros retoma as atividades

Por: Redação -
07/10/2020

Siga nosso TWITTER e veja a série Dicas Náuticas diariamente.

A Rota dos Pioneiros, maior trilha aquática do Brasil e que deve se tornar a maior do mundo, está retomando suas atividades. O grupo de voluntários responsável pela demarcação da rota ao longo do Rio Paraná e de seus afluentes voltou a fazer a sinalização do percurso, depois de uma interrupção de sete meses por causa da pandemia do coronavírus. Alguns passeios de caiaque pelo rio também voltaram a ser oferecidos por guias locais.

A iniciativa está alinhada e reforça a estratégia do Governo do Estado, adotada desde o ano passado, de estimular o turismo de aventura e natureza para divulgar as belezas do Paraná e buscar o desenvolvimento econômico, com sustentabilidade, e movimentar as diversas regiões do Paraná.

A Rota dos Pioneiros é uma trilha de longo curso com a previsão de ter 400 quilômetros de extensão, conectando diferentes unidades de conservação nas proximidades dos rios Paraná, Paranapanema e Ivinhema. No fim do mês passado, a equipe de voluntários fez a sinalização de um percurso de 29 quilômetros pelo rio, interligando o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, ao Porto Natal, em Querência do Norte, no Noroeste do Paraná.

Com esta nova etapa, a trilha conta agora com 127 quilômetros já demarcados, 32% do percurso original. A ideia é que este trecho seja percorrido de caiaque ao longo de dois dias, passando por ilhas e canais em uma região rica em biodiversidade e vegetação exuberante. Os visitantes podem observar jacarés, bugios e capivaras através da trilha aquática e, no parque estadual, é muito comum encontrar o cervo-do-pantanal. Para os amantes da observação da avifauna o parque, com 302 espécies de aves, é um prato cheio.

CORREDOR DE BIODIVERSIDADE

A rota, que faz parte da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso (Redetrilhas), funciona como um corredor de biodiversidade em uma região singular do país, e além do caiaque, conta também com trilhas terrestres que podem ser percorridas a pé ou de bicicleta. As margens do Rio Paraná – nas divisas entre o Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul – são marcadas pela transição de três dos principais biomas brasileiros: Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado.

Além disso, é também um importante atrativo em uma região onde o ecoturismo ganha cada vez mais adesão, aproveitando as belezas das ilhas e praias naturais que se formam no Rio Paraná. A proposta, explica o biólogo Erick Xavier, secretário-geral da Redetrilhas e um dos idealizadores da Rota dos Pioneiros, é desenvolver o turismo de base comunitária, em que a população dos municípios ribeirinhos tem novas oportunidades de negócio, com a oferta de serviços de guia, hospedagem, alimentação e aluguel de equipamentos.

“Os visitantes precisarão de condições mínimas que atendam suas necessidades básicas, como áreas de camping, sanitários com chuveiros e fonte de água potável. Por isso, os portos ao longo do Rio Paraná são estratégicos para alavancar o turismo regional, além de ser uma oportunidade para a geração de emprego e renda”, afirma.

Leia também

» Rio Paraná ganhará a Rota dos Pioneiros, a maior trilha aquática do mundo

» Canoagem é vista como ferramenta de desenvolvimento motor para crianças com Síndrome de Down

» Ilha Comprida, no litoral Sul de São Paulo, realiza obras para incentivar o turismo náutico

SEGURANÇA

A atividade também é uma opção segura para este momento, avalia o biólogo. “As trilhas e atividades realizadas ao ar livre, em grupos pequenos, são as ideais para o pós-pandemia, pois evita o contato físico e os ambientes fechados”, ressalta Xavier. “E as pessoas estão com uma expectativa muito grande em sair de casa e voltar a ter o contato com a natureza. Então fazer uma trilha, principalmente aquática, é uma grande oportunidade de passeio, mantendo os cuidados com a saúde”, completa.

GUIA

Além da retomada da demarcação, os organizadores também estão lançando o primeiro guia da Rota dos Pioneiros, contendo um resumo com dicas de segurança, pontos de apoio e mapa atualizado da trilha aquática. O guia pode ser baixado aqui.

A rota é dividida em três regiões: Rio Paranapanema, conectando o Parque Estadual do Morro do Diabo, em São Paulo, e a Estação Ecológica do Caiuá, em Diamante do Norte; Rio Paraná, ligando a Estação Ecológica do Caiuá ao Parque Nacional de Ilha Grande, passando pelo Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema – região que está sendo implantada nesta primeira etapa; e, finalmente, o lago de Itaipu, conectando o Parque Nacional de Ilha Grande ao Parque Nacional do Iguaçu e ao Marco das Três Fronteiras.

A trilha aquática está inserida no Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e faz parte da Redetrilhas, associação que reúne e organiza o sistema de trilhas brasileiras, conectando as unidades de conservação do país, a exemplo do que já ocorre pelo restante do mundo. Ao todo, são 10 500 quilômetros planejados e 3 500 quilômetros de trilhas implantadas pelo território nacional.

OS PIONEIROS

O nome da trilha é alusivo à história do próprio Rio Paraná, um local que, ao longo dos séculos, serviu de acesso a diferentes grupos que foram responsáveis pela ocupação do território daquela região.

Começou com os indígenas guaranis que atravessavam o rio de canoa; passou pela ocupação do Brasil pelos colonizadores europeus no século 16, com os espanhóis que fundaram a Ciudad Real del Guahyrá; contou com as missões jesuíticas presentes no Sul da América do Sul; e com os bandeirantes que conquistavam territórios no Interior do Brasil. Por fim, foi a vez da chegada dos imigrantes italianos, alemães, portugueses e japoneses, que criaram raízes nas margens do rio.

Os ciclos econômicos do Estado e do País também acompanharam aquelas correntezas, desde a erva-mate, que era escoada de barco até a Argentina, até o aproveitamento hidrelétrico, que faz girar as turbinas de grandes usinas para gerar energia. O percurso por onde passa a Rota dos Pioneiros fica entre duas delas, a Usina de Porto Primavera e a Usina de Itaipu, e é o último trecho de águas correntes do Rio Paraná, entre os reservatórios das hidrelétricas.

Gostou desse artigo? Clique aqui para assinar o nosso serviço de envio de notícias por WhatsApp e receba mais conteúdos.

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Memória Náutica: relembre como foi o Rio Boat Show 2019

    Evento chegou a sua última edição antes da pandemia consolidado como o mais importante salão náutico outdoor da América Latina

    Fountaine Pajot leva catamarã de 16 metros ao Rio Boat Show 2024

    Aura 51 é o maior catamarã a vela sem flybridge do estaleiro francês e estará no evento náutico de 28 de abril a 5 de maio

    No NÁUTICA Talks, Elio Crapun palestra sobre revolução dos hidrofólios nas embarcações

    Velejador abordará detalhes sobre realidade e avanços de barcos que navegam sobre fólios durante o Rio Boat Show 2024

    Casarini Boats levará mistura de bote com jet ao Rio Boat Show 2024

    Embarcação inovadora será um dos destaques do evento que acontece de 28 de abril a 5 de maio, na Marina da Glória

    No NÁUTICA Talks, Paula Vianna mergulha nos desafios da fotografia subaquática

    Vencedora de concursos internacionais, fotógrafa é presença confirmada no Rio Boat Show 2024