Na região cortada pelo rio Tejo, em Portugal, vinhos de qualidade nascem em vinícolas supermodernas

08/06/2021

Antes de banhar Lisboa, a sempre bela capital lusitana, e desembocar no Atlântico, o rio Tejo — que nasce na Espanha, onde é conhecido como Tajo, e corta Portugal quase ao meio, de leste a oeste — passa por docas portuárias, iate clubes e zonas verdejantes em que se alternam parreirais, campos de oliveiras, pastagens de ovelhas e sobreiros (árvores das quais se extrai a cortiça). A água é translúcida, a vegetação às margens, exuberante, e há até passeios turísticos pelo rio. Nesse trajeto, o que está mais a leste é o Alentejo, uma região cheia de riquezas naturais, humanas e históricas. Aqui e ali, saltam aos olhos torres de castelos ou de igrejas e vilarejos medievais cercados por muralhas erguidas por volta do século 12.

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À parte a história milenar, a fama do Alentejo estende-se à outra riqueza, igualmente valiosa: a produção de vinhos. A partir de Évora, capital da região, os vinhedos se distribuem por 21 municípios (como Albernôa, Beja, Cartaxo, Montemor, Portalegre e Santarém), onde rótulos de qualidade nascem pelas mãos de jovens enólogos em vinícolas supermodernas. “São vinhos de autor, autênticos e únicos, como os do produtor António Maçanita, da FitaPreta Vinhos, eleito em 2020 o enólogo do ano em Portugal”, conta a sommelière Jéssica Marinzeck, da Evino, a maior importadora de vinhos do Brasil e principal e-commerce da América Latina, com mais de 1 milhão de clientes em sua base.

Os vinhos regionais alentejanos costumam ser feitos de blends de diversas cepas de uvas, tanto portuguesas como estrangeiras e até mescladas.

o clima no alentejo, com altas temperaturas no verão e frio seco no inverno, propicia a produção de uvas excelentes

Talento precoce, António Maçanita, atualmente com 39 anos, começou no mundo dos vinhos em 2000. Com 23 anos fez o primeiro vinho: o Preta, com o qual ganhou o Trophy Alentejo, no Internacional Wine Challenge. Mais de 50 rótulos levam a sua assinatura. São vinhos feitos com uvas colhidas manualmente. E todos conquistam, frequentemente, mais de 90 pontos na Wine Advocate, a mais relevante classificação vínica do mundo, do crítico de vinhos mais poderoso do planeta, Robert Parker. “No Alentejo, há uma expressão francesa que gosto muito: ‘Somos abençoados pelo sol’.

Barris de vinho de carvalho usados nas modernas vinícolas da região.

Os vinhos da região cheiram sol, calor”, define o jovem produtor.
Importados pela Evino, pelo menos meia dúzia de rótulos produzidos por Macanita são muito apreciados pelos brasileiros. A começar pelo próprio FitaPreta, um dos vinhos que melhor refletem o carácter do Alentejo, segundo a sommelière. “Além do tinto António Maçanita Palpite Reserva Alentejano 2018, que conquistou 91 pontos na Wine Advocate, temos o branco António Maçanita FitaPreta O Ancestral 2019, coroado com 90 pontos pelo crítico Robert Parker e com 17/20 pontos pela revista portuguesa Grandes Escolhas”, diz Jéssica Marinzeck.

Dois fatores explicam o potencial do Alentejo, na avaliação da sommelière. Um é a diversidade climática: poucas distâncias separam microclimas distintos, de montanhas frias a planícies quentes. O outro é a pluralidade de castas. Um mesmo produtor cria várias espécies de uvas e delas obtém misturas diversas. “Entre o Alto e o Baixo Alentejo, a região tem oito subdivisões, em função de clima, terroir e tipos de uva.

Vilas pitorescas fazem parte da paisagem na região do Alentejo, como o castelo do Marvão.

jovens enólogos, em modernas vinícolas, produzem vinhos de autor, únicos, como os da fitapreta vinhos, importados pela EVINO

Portalegre, por exemplo, fica mais ao norte, uma sub-região mais fria e mais alta, características que permitem fazer vinhos bem elegantes. Já a sub-região de Moura, no distrito de Beja, mais ao sul, é mais quente, e por isso produz vinhos que, no nariz, sobressaem as notas de frutas mais maduras, de frutas negras”, explica Jéssica. Outra bebida característica da região são os vinhos de talha, ou ânfora, que foi o primeiro recipiente utilizado para elaborar vinhos, há 5 mil anos, e cuja técnica voltou a ser usada por produtores portugueses de renome.

É no Alentejo que acontece a Amphora Wine Day, festa que marca a abertura das ânforas de argila a cada safra, nas versões branco e tinto. Um bom exemplo desse tipo de vinho é o FitaPreta Branco de Talha Alentejo 2018, produzido pelo premiado António Maçaneta. Fresco e muito complexo, esse branco conquistou 90 pontos na Wine Advocate, de Robert Parker. “Para quem prefere os tintos e sente certa rejeição aos brancos, esse FitaPreta feito com uvas locais tem características que vão agradar em cheio e acabar com o preconceito. É um branco mais encorpado, que tem uma textura mais untuosa na boca”, analisa a sommelière da Evino. É degustar para crer.

O rio Guadiana corta Mértola, pequena vila muralhada, interferindo no terroir.

Para os praticantes do enoturismo, ou seja, a viagem motivada pela apreciação do sabor e aroma dos vinhos, vale dizer que a região do Alentejo conta com 250 vinícolas, cerca de 70 das quais aptas a receber visitantes — muitos brasileiros, inclusive. Há visitas guiadas aos parreirais, às adegas e aos lagares, nas quais você aprende sobre o terroir alentejano e seus tipos de uva.

De Lisboa a Évora (Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, por riqueza arquitetônica) são apenas 133 quilômetros, o que equivale a uma hora e meia de carro. Uma viagem que começa com a travessia do rio Tejo pela bela ponte Vasco da Gama. Agosto, quando as vinhas estão carregadas, é o mês mais indicado.

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