Porto Rotondo abriga uma das melhores marinas do mundo. Saiba mais sobre o local

Por: Redação -
14/07/2021
Porto Rotondo tem 500 hectares de território, uma marina altamente equipada com mais de 600 amarrações e mil habitantes. No verão, a população sobe para 30 mil pessoas dispostas a viver o glamour local

Nascida do sonho de nobres italianos de visão empreendedora, lar e refúgio de celebridades das artes, das finanças e da política, a vila e a marina de Porto Rotondo se confundem com a história da Costa Esmeralda, na Sardenha, um dos destinos mais exclusivos e badalados do planeta

Os condes Luigi e Nicolò Donà dalle Rose, venezianos do Fondamente Nove, o muro da cidade lagunar onde se ergue o palácio da família, nobre desde 1476, por indicação do papa Sisto IV em pessoa, tiveram um sonho na década de 1960. E hoje o mundo do glamour, do esplendor, do bem viver e da náutica em geral agradece.

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Os irmãos, que entre seus ancestrais contam três doges de Veneza, foram os pioneiros do turismo de alto luxo na Sardenha e seus nomes estão gravados no topo dos grandes visionários “locais”, junto ao do príncipe Karim Aga Khan, o famoso fundador da Costa Esmeralda e de Porto Cervo.

porto rotondo

“Eu ia para a ilha desde 1951, quando tinha apenas 11 anos. Meu pai levou a mim e meu irmão Nicolò em uma viagem de negócios e atracamos em Tavolara. Com as nadadeiras e as máscaras que ele acabara de nos dar, mergulhamos naquele mar transparente e ficamos sem fôlego, rodeados por uma miríade de peixes. Ficamos extasiados”, declarou ao jornal Sardinia Post o conde, hoje com 82 anos de idade, sendo mais de 50 dedicados a tornar cada vez mais bela e fascinante a sua aldeia costeira na Sardenha, nascida de uma ideia e iniciativa que teve com o seu irmão, falecido há alguns anos.

Porto Rotondo é um distrito da cidade de Olbia, a poucos quilômetros de Golfo Aranci, Palau e Arzachena. Em 500 hectares de território, entre os golfos de Cugnana e Marinella, com uma marina altamente equipada com mais de 600 amarrações, vivem cerca de mil residentes.

No verão, às vezes chegam a 30 mil habitantes nas vilas, casas em timeshare e residências construídas em torno do núcleo inicial da aldeia.

Em 1964, os irmãos Donà dalle Rose começaram a criar Porto Rotondo do zero. A vila foi inspirada pelas polis grega e pela Veneza dos idealizadores, um destino único enriquecido com muita festa, arte, cultura, consumo de luxo, esportes náuticos, uma igreja icônica e um teatro exclusivo.

Mas sobretudo por vilas implantadas no verde da machia mediterrânea e no granito vermelho da costa da Sardenha, uma joia arquitetônica para a qual o Conde Luigi ainda cultiva um último sonho: incluir Porto Rotondo na lista do patrimônio artístico da humanidade da Unesco.

Uma visão recorrente que dedica ao irmão falecido e aos amigos e artistas que partilharam com eles a preciosidade de estar lá e fazer nascer e crescer este lugar especialíssimo do planeta Terra.

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Inspirada pela polis grega e por Veneza, Porto Rotondo teve início com muita festa, arte, esportes náuticos, luxo, um teatro e a icônica igreja de San Lorenzo

Hoje, 52 anos depois da fundação da vila, Porto Rotondo se tornou um centro turístico e residencial de imenso glamour, certamente mais célebre do que Saint Tropez e mais exclusivo do que Cannes, só rivalizando com a não menos idílica vizinha, Porto Cervo.

Luigi Donà dalle Rose conta que em 1963 a ideia de criar algo belo na ilha se concretizou quando “Vittorio Cini, um grande empresário apaixonado pela política, amigo do meu pai, seguindo os passos de Karim comprou o terreno onde hoje fica Porto Rotondo, construindo um hotel, o Abi d’Oru, que ficou vazio por mais de um ano.

Decidimos então embarcar no empreendimento, comprando um terreno ao redor do porto para construir um novo assentamento: uma praça, uma igreja e uma marina, cercada apenas por vilas.

A primeira faixa, com dez mil metros quadrados de terreno, a segunda, cinco mil metros quadrados. O projeto do arquiteto Alessandro Pianon incluía apenas lotes para moradias e um local de hospedagem, o Sporting, que, mais que um hotel, com apenas dez quartos à época, era um verdadeiro iate clube”.

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Idealizador da aldeia junto com seu irmão, o conde Luigi Donà dalle Rose dedica-se, há mais de 50 anos, a tornar Porto Rotondo cada vez mais fascinante. Com trânsito no jet set, atraiu vips de todos os segmentos

O sonho dos Donà dalle Rose tornou-se realidade e graças ao seu conhecimento ilimitado no jet set, cultura, arte, cinema, entretenimento e política ficou famoso em todo o mundo, sendo sinônimo de beleza, sofisticação e luxo.

A pequena e exclusiva vila se transformou em um centro que atraiu VIPs de todos os cantos da Europa e do planeta e ainda hoje é privilégio para poucos.

“Porto Rotondo ganhou fama graças ao simples boca a boca entre artistas e empresários. Demos a Ira Furstenberg o terreno no qual construí sua vila e essa praia levou seu nome. Em seguida, compraram casas: Philippe Leroy, Virna Lisi, Monica Vitti, Michelangelo Antonioni, Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi, Villaggio, Gianni Morandi, Walter Chiari, Claudia Cardinale, Mogol, Shirley Bassey, Raquel Welch. Então veio Carl Hahn (o proprietário da Volkswagen) e Aga Hruska (o dentista de papas e monarcas). Todos se encontravam para um aperitivo na Piazzetta San Marco com Umberto Agnelli, o príncipe Dado Ruspoli, e muitos membros da numerosa família de joalheiros Bulgari, além dos Barillas e da inesquecível Marta Marzotto e Krizia que, com a sua grande cultura e competência, tanto fez por Porto Rotondo”, lembra o conde.

Até o polêmico Silvio Berlusconi, por muitos anos catalisou a atenção da mídia sobre si mesmo e sobre sua Villa Certosa, uma mansão na zona leste de Porto Rotondo, que “Il Cavaliere” comprou no início dos anos 1980 do empresário Flavio Carboni e onde realizava suas antológicas festas quase orgiásticas.

A nomenclatura russa também sempre esteve presente e até hoje não poupa gastos para adquirir as melhores vilas com vista para o mar, as ilhas de Mortorio e Biscie, em direção à costa.

Tudo começou na sequência do acidente em que se envolveu o ex-premiê russo Boris Yeltsin que, em setembro de 2005, escorregou na beira da piscina de uma vila em Porto Rotondo onde era hóspede e teve que ser levado dali para ser operado em Moscou a bordo de um Tupolev, enviado por seu sucessor Vladimir Putin que era e ainda é um hóspede regular da Villa Certosa. O episódio tornou o local famosíssimo na Rússia.

É certo que mais de cinquenta anos depois, muita coisa mudou na “aldeia” original. O núcleo duro permaneceu, os antigos proprietários já não se encontram na praça, mas reúnem-se no interior das suas vilas, com almoços ou jantares reservados.

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Entretanto, a arte e a cultura multiplicaram o valor do local. Lá existem obras de Ceroli, Cascella, Sangregorio e uma rua pavimentada com obras de Emmanuel Chapelain.

Fora a igreja de San Lorenzo, um ícone arquitetônico, projetado por Andrea Cascella, com interior de Mario Cerolli que conta com uma bela torre sineira de madeira, que veio diretamente da Suécia e tem seu interior ricamente ornado com pinho da Rússia.

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Umas das melhores marinas do mundo:

Situado na paradisíaca costa nordeste da Sardenha, o porto natural de Poltu Rutundu — no dialeto da Gallura —, desde a época anterior aos antigos romanos foi usado para o comércio.

As colunas esculpidas há mais de 2 mil anos, posicionadas na entrada da pequena baía, são testemunhas de uma longa história que nos últimos tempos coincidiu com o crescimento exponencial do turismo na região.

A marina de Porto Rotondo, desde os primeiros anos da década de 1960, obteve a aprovação e a afeição do topo ​​do turismo náutico internacional graças à facilidade de atracação, proteção, serviços e também, claro, à maravilhosa paisagem ao redor. O que contribuiu para transformá-la em um dos destinos mais cobiçados do mar Mediterrâneo e, portanto, dos amantes da náutica em todo o mundo.

Durante os anos 1980, a marina foi gerida pelo grupo Ciga e, na primeira metade dos anos 1990, foi adquirida pelo Grupo Molinas, um player global do mercado de rolhas e de cortiça desde o começo do século 20 e um dos maiores da Sardenha, com outras quatro marinas (Bosa, Cala Bitta, Punta Marana e Portus Karalis, no centro de Cagliari), três estaleiros e três hotéis na ilha, entre eles o Sporting, na marina de Porto Rotondo.

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A chegada dos Molinas chamou a atenção da imprensa internacional devido ao fato de ter sido a primeira vez que um grupo empresarial local se apropriou legalmente de uma instalação que sempre foi gerida por empresários de fora.

Os Molinas restauraram as instalações e aumentaram o número de amarrações, sobretudo para superiates. Com isso, resgataram o glamour da marina e obtiveram o reconhecimento dos veículos especializados, a exemplo da prestigiada revista Yacht and Sail, que considerou a Marina di Porto Rotondo uma das melhores da Europa pelo rigor e qualidade dos serviços prestados.

O Porto Rotondo Yacht Club, oficialmente fundado em 1985, situado no interior da marina, também é igualmente legendário. Foi, durante anos, associado ao iate clube de Porto Cervo — o também famosíssimo YCCS —, e mantém uma forte ligação com o Yacht Club Italiano, de Gênova.

Em Porto Rotondo, todos os anos, no final de agosto, é realizado o Big Game, evento esportivo de pesca de alto-mar, considerado um dos mais importantes e espetaculares do Mediterrâneo.

Em termos de vela, as atividades começaram já em alto nível, com os treinamentos do sindicato “Itália”, que fez uma boa figura na America’s Cup em Fremantle, na Austrália, em 1987.

Depois do período associado ao Yacht Club Costa Smeralda, o iate clube foi palco de algumas competições internacionais de prestígio, entre as quais a Copa Perini Navi, que, a cada dois anos, reúne os mais prestigiosos iates fabricados pelo estaleiro homônimo, encontro criado pela primeira vez no ano de 2006.

A regata “Audi Invitational” que promove competições das classes Farr40 e TP52, nas quais, conforme prescrito pelo regulamento, os proprietários têm que ser os timoneiros, também acontece por lá. Graças a esta regra, pessoas importantes, como H.M. Juan Carlos da Espanha navegaram nas águas quentes e translúcidas da Sardenha.

A “Solaris Cup”, do prestigiado estaleiro também ocorre em Porto Rotondo. A regata internacional “Trophée Bailli de Suffren”, de Saint Tropez a Malta, com uma escala de dois dias na Sardenha, faz Porto Rotondo ser considerada pelas tripulações como uma das paradas mais charmosas, pela paisagem e pela recepção.

A “Vele Latine em Porto Rotondo”, que pode ser considerada um desfile de velhas joias do mar e o maravilhoso “Vele d’Epoca”, um encontro de embarcações clássicas de todos os tamanhos, também fazem a fama da marina.

Por fim, a lendária “Regata dei Legionari”, que a cada ano termina a temporada de competição na Sardenha é corrida lá por centenas de barcos, em provas de flotilha e match race.

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