Guarda Costeira dos EUA lançou pesquisa que reúne as principais referências de políticas de navegação

Por: Redação -
13/01/2021

A Guarda Costeira dos Estados Unidos, em parceria com a National Recreational Boating Safety Survey (NRBSS), analisou a demografia da participação náutica, tendências, uso do barco, populações náuticas em risco, segurança náutica e muito mais. Os dados foram coletados em 2018 e incluem todo tipo de atividade na água: em canoas, caiaques, jangadas, barcos a remo, veleiros, caveiras, aerobarcos, barcos motorizados e embarcações pessoais.

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O intuito principal dessa pesquisa é moldar a política de segurança local e nacional, um fato reiterado inclusive pelo gerente do governo da BoatUS, David Kennedy. As descobertas notáveis foram, ainda, categorizadas. Em relação às propriedades, por exemplo, estima-se que aproximadamente 25,2 milhões de barcos pertenciam a 14,5 milhões de famílias, no ano de 2018. Para isso, a propriedade pode ser conjunta ou exclusiva, e os estudos sugerem que a opção compartilhada é uma forma cada vez mais popular de garantir acesso aos barcos. Ou seja, nesse caso, uma única embarcação serve como propriedade para mais de uma pessoa: aquele bem não pertence somente a um dono. Em números, enquanto a grande maioria (94,5% ou 23,83 milhões) dos barcos no país pertenciam exclusivamente a alguém que residia na casa em que a embarcação se encontra, quase 1,4 milhão de barcos eram de alguma forma de propriedade conjunta/compartilhada.

Uma outra vertente estudada pela pesquisa foi em relação ao registro das embarcações. Na época dos estudos, havia quase 11,82 milhões de barcos registrados nos 50 estados dos Estados Unidos. Deles, quase 13,4 milhões eram propriedades que não tinham a obrigatoriedade de registro pelas diretrizes dos locais onde eram mantidos e operados. E, dentre esses barcos, a grande maioria continua sendo os barcos a motor e abertos. Enquanto aproximadamente 4,24 milhões de famílias possuíam um ou mais caiaques, cerca de 2,14 milhões de famílias eram proprietárias de canoas.

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A pesquisa chegou a um problema: a quantidade de barcos que permanecem sem registro tem criado uma série de complicações, tanto para a segurança náutica, quanto para agências de aplicação da lei e agências que fornecem e gerenciam o acesso de barcos. Esses proprietários não pagam taxas de registros, e, no caso das embarcações de propulsão humana, os proprietários não contribuem nem com os combustíveis que destinam parte de sua renda para o desenvolvimento e manutenção do acesso e infraestrutura dos barcos como educação de segurança náutica e fiscalização. Assim, os dirigentes desse estudo explicam que vários estados consideram expandir os requisitos de registro para incluir vários tipos e tamanhos de embarcações nessa premissa, principalmente aqueles que forem movidos a energia humana.

Se engana quem pensa que a pesquisa parou por aí. O uso do barco também foi estudado, revelando que as embarcações operadas em 2018 foram retiradas da água por um total de 471,8 milhões de dias. O número médio de dias em que um navio é usado é 19 — 29 dias para barcos motorizados e 12 dias para barcos de propulsão humana, considerando todos os barcos próprios. A média de tripulantes nesses barcos em 2018, na água, é de 2 a 3 pessoas. Quanto ao uso do operador, um total de 10,2 bilhões de horas por pessoa foram empregadas em navegações, sendo 84,1% desse número apenas em barcos motorizados — 8,6 bilhões do total. Nos barcos de propulsão humana, esse valor vai para 1,3 bilhão. Quanto à localização, 31% dessas horas de barco por pessoa se concentraram em 5 estados: Flórida, Michigan, Texas, Carolina do Sul e Nova York. Mais especificamente, são 1,089 bilhão de horas (10,7%) na Flórida, 603,7 milhões em Michigan e 522,3 milhões no Texas.

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Um ponto importante abordado pela Guarda Costeira dos EUA é a segurança. A apuração chegou à conclusão de que cerca de um terço (33,7% ou 220.000) de todos os barcos e 32,8% dos barcos motorizados que operaram ao longo de 3 milhas náuticas da costa estavam equipados com EPIRBs. EPIRB, ou Emergency Position Indicating Radio Beacon, é um equipamento utilizado em caso de acidente, e que transmite sinais de emergência para estações na costa e/ou para satélites relay geoestacionários. Ele informa a posição do acidentado e a ocorrência do fato. Quanto ao interruptor de corte de emergência no motor, foi identificado que 83,2% dos barcos motorizados, operados pelo menos uma vez, o possuíam. Foi possível encontrar rádios VHF-DSC em apenas 13,9% desses barcos. E, por último, mas não menos importante, cerca de dois terços (65,6%) das pessoas que operavam um barco em 2018 não havia feito curso de segurança náutica.

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Focando nos possíveis reboques, cerca de 6 milhões de barcos operados em 2018 foram rebocados ou transportados pelo menos uma vez, com a finalidade de serem lançados na água. Isso representa quase dois terços (65,3%) das embarcações operadas em 2018. Esses transportes aconteceram 167,3 milhões de vezes naquele ano.

Uma das indagações mais relevantes desse estudo foi a situação socioeconômica do velejador. Cerca de 84,54 milhões de velejadores recreativos, de diferentes idades, raças e etnias nos Estados Unidos participavam da navegação, o que representa 26,5% da população estadunidense. As famílias que possuem barcos são majoritariamente brancas, e, reunindo todas as famílias negras ou afro-americanas, esse valor não chega a 1%. Em resumo, a pesquisa aponta que esse pode ser um fator significativo na segregação da atividade náutica, dado que um dos grandes motivos para a falta de integração no setor foi o fato de não conhecerem alguém que sequer possui um barco, de acordo com a NRBBS. Famílias metiças e demais etnias constituíam 16,3% de todas as famílias com barcos.

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O que foi apontado como um apuramento surpreendente é o fato de a maior porcentagem de praticantes da atividade náutica não ser representada por pessoas de renda familiar alta. Quase um quarto (23,1%) das famílias com barcos em 2018 tinham renda inferior a 50 mil dólares, e 41,8% ganhavam menos de 75 mil dólares. De acordo com a Forbes em um estudo feito também no ano de 2018, a população julga como rica a família de renda familiar superior a 100 mil dólares. Para o NRBBS, as famílias com renda familiar entre 75 mil e 150 mil dólares representam 37,5% das famílias com barco.

Por fim, o risco de fatalidades em barcos é de 6 por 100 milhões de pessoas por hora, para todos os tipos de embarcações. Quando considera-se somente os barcos motorizados, esse valor vai para 5 por 100 milhões de pessoas por hora. Essa taxa, considerada baixa, é atribuída às inúmeras práticas de comportamentos de navegação mais seguros, devido à educação, regulamentos e inspeções. Além disso, ainda existem as tecnologias de navegação e os próprios barcos, ambos estruturados de forma mais segura. Por outro lado, o risco de fatalidades em todo o país era duas vezes maior em barcos de propulsão humana (13 por 100 milhões de pessoas por hora).

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A pesquisa foi financiada por doações do Sport Fish Restoration e pelo Boating Trust Fund. Foi realizada pelo instituto de pesquisa sem fins lucrativos RTI International e pelo Departamento de Sustentabilidade da Comunidade da Michigan State University.

Por Naíza Ximenes, sob supervisão da jornalista Maristella Pereira

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