Plataformas de popa tornaram-se uma verdadeira extensão do cockpit. Confira

Por: Redação -
26/12/2018
A plataforma de popa com área gourmet é a nova aposta dos estaleiros para conquistar clientes

É possível afirmar, com pouca margem de erro, que a popa é um dos lugares preferidos dos brasileiros em seus barcos. Consequentemente, as plataformas de popa são bastante valorizadas por aqui. Dessa forma, um espaço que surgiu da necessidade apenas de facilitar o embarque e desembarque ganha cada vez mais importância em nossas águas, tornando-se uma verdadeira extensão do cockpit. Quase obrigatórias em lanchas a partir dos 16 pés — nesse caso, elas devem ter, ao menos, 30 cm de comprimento, mesmo em se tratando de barcos impulsionados por motor de popa —, as plataformas de popa não ganharam esse “upgrade” por acaso.

Na parte traseira, qualquer barco é mais largo e, portanto, mais espaçoso. Mais do que isso, a plataforma de popa fica apenas a um passo da água, sendo o ponto ideal para curtir as ancoragens. É neste espaço, também, onde as crianças mais se divertem, transformando as plataformas em verdadeiros trampolins para a água. Por esses e outros motivos, a plataforma de popa tem status de “xodó nacional” e, nos últimos anos, ganhou uma série de inovações.

Conceituadas marcas americanas e europeias já adotaram o móvel na popa em muitos dos seus barcos

A primeira mudança foi no tamanho. Elas ficaram mais compridas e precisaram ser pensadas desde a concepção do projeto, para que não ficassem desproporcionais ao tamanho da lancha nem interferissem negativamente na navegação. Depois, ganharam chuveirinhos com água doce, facilitando aquela ducha após um mergulho. Aí, elas passaram a ser móveis. São as plataformas submersíveis, que tanto servem para deixar os convidados mais próximos da água, com uma espécie de prainha particular, quanto para subir e descer botes e jets. Dessa maneira, além de ajudar no embarque e desembarque, permitem a imersão — porém, essa inovação é restrita a embarcações acima dos 40 pés.

A próxima novidade na popa foi projetar solários voltados para a popa, o que aumenta a interação entre quem quer tomar sol ou apenas descansar e quem quer curtir um mergulho. Esses grandes solários, ao contrário das plataformas submersíveis, ganharam espaço até mesmo nas pequenas lanchas e viraram moda nos projetos nacionais. Mas, na linha evolutiva das plataformas de popa, os solários ganharam um grande concorrente: o espaço gourmet. Presente, sobretudo, em lanchas de 30 ou mais pés de comprimento — com algumas raras exceções em barcos menores —, o item é o maior desejo de quem gosta de fazer um bom churrasco a bordo. Afinal, cada vez mais churrascos têm a ver com passeios de barco, porque não exige nada além de fogo e carne e, ao contrário dos lanches, é um ótimo pretexto para reunir todo mundo. Além do mais, de futebol e churrasco, todo homem entende um pouco. Ou, pelo menos, acha que entende.

Com a área gourmet, os solários de popa ganharam um grande concorrente ao posto de queridinho a bordo

As minicozinhas na popa são construídas em fibra de vidro e se projetam acima do espelho de popa. Contam com churrasqueira embutida (elétrica ou a carvão), pia com torneira rebatível e tampa (do tipo bancada ou tábua de corte), para manipulação de alimentos. Nas lanchas acima dos 30 pés, esse espaço pode ter, ainda, geleira, lixeira e outros itens. Ou seja, tudo o que um mestre churrasqueiro precisa para trabalhar. O conceito é, na proporção, quase o mesmo das varandas gourmet dos apartamentos: curtir o espaço ao ar livre com boa comida — neste caso, em um barco, em meio à natureza. Não que as tradicionais churrasqueiras de pedestal não cumpram essa função, mas um móvel gourmet é, sem dúvida, mais agradável. O conceito de aproveitar a plataforma de popa também como um espaço social a bordo, com uma espécie de extensão da cozinha — e não apenas para embarque e desembarque —, nasceu a partir da ideia de um brasileiro, o projetista Marcio Schaefer, fundador do estaleiro catarinense Schaefer Yachts.

“Sempre tive um apreço especial pelas plataformas de popa e achava que o espaço era mal aproveitado nas lanchas, já que, na maioria dos casos, a popa, em grandes barcos, só servia de garagem para botes. Foi aí que resolvi mudar completamente a plataforma do modelo de 47 pés”, conta ele. A primeira alteração foi na ponte de embarque, que ficava no meio da plataforma e era um verdadeiro incômodo. “Resolvi embutir a ponte e, quando a tirei do caminho, veio a ideia do espaço gourmet, pois não há lugar melhor em um barco para fazer fumaça senão na popa”, prossegue o empresário. A partir daí, a plataforma ganhou um novo significado: ela deixou de ser garagem e se transformou em uma verdadeira área de lazer, como são os deques das piscinas. “Eu, particularmente, gosto muito da ideia de reunir os convidados na beira d’água e, ainda, servir boa comida ali. Hoje, vejo este espaço como um item quase obrigatório em lanchas entre os 30 e 60 pés”, avalia Marcio.

O conceito é quase o mesmo das varandas dos apartamentos: espaço ao ar livre com boa comida

Mesmo as lanchas com menos de 30 pés estão sendo projetadas para suprir o desejo dos brasileiros de aproveitar a plataforma de popa cada vez melhor. Já foi assim, no passado, com a chegada do solário de popa, substituindo os tradicionais sofás. Agora, chegou a vez do espaço gourmet conquistar os barcos de menor porte. Prova disso é a 26,5 pés cabinada, com um interessante móvel com churrasqueira e pia, do estaleiro catarinense FS Yachts. “A proposta é aproveitar a popa da melhor maneira possível durante as ancoragens. Seja com um gostoso churrasco ou, simplesmente, descansando sob o sol”, explica Renato Gonçalves, diretor comercial da marca. Já a carioca Real Power Boats decidiu aprimorar a ideia e unir as duas coisas em uma só lancha: a Real 315 tem solário e um discreto gourmet, à bombordo. “Assim, atendemos a dois desejos dos clientes em um só modelo”, afirma Paulo Thadeu, sócio do estaleiro. “Os brasileiros usam muito mais o lado de fora da lancha do que a cabine, por exemplo. E uma boa plataforma de popa é indispensável”, comenta Marco Garcia, da mineira Ventura Marine, que produz diversos modelos com minicozinha na plataforma.

Nos barcos acima de 40 pés, o móvel gourmet roubou o espaço que era do bote de apoio

“O mais importante, neste móvel, é uma boa área para preparar os alimentos, pois é preciso firmeza e precisão. Mas, antes de tudo, é preciso avaliar o tamanho da plataforma de popa, pois nada adianta ter uma área para preparar o churrasco se não há espaço suficiente para as pessoas tanto no cockpit quanto na própria popa”, completa Marco. É mais ou menos o que aconteceu com o modelo de outro estaleiro, a Focker 330 GT, que nasceu com uma plataforma enorme, com dois metros de comprimento, e, agora, ganhou um móvel gourmet para atender aos pedidos de clientes, que desejavam a novidade. “Percebemos que nossos clientes usam o barco para passeios diurnos e querem cada vez mais espaços ao ar livre. Na 330 GT, conseguimos oferecer um móvel prático combinado com uma plataforma bastante generosa”, comenta Barbara Yamamoto, gerente comercial e de marketing do estaleiro, que produz, ainda, a F400, outra lancha com espaço gourmet na popa.

A plataforma de popa gourmet, criada por Marcio Schaefer, estabeleceu uma nova tendência no nosso mercado, influenciando outros estaleiros a também usar a gostosa ideia. A Sessa Fly 42, por exemplo, é uma lancha com dna italiano, produzida pela catarinense Intech Boating, e que foi remodelada para agradar o mercado. Baseada no modelo italiano F40, a F42 ganhou plataforma de popa maior (1,86 m) e espaço gourmet na versão nacional. “Desde o início da implantação da linha Sessa Marine no Brasil, nós nos dedicamos a entender o mercado brasileiro e fazer adaptações, valorizando o convívio e clima tropical. Nossa equipe brasileira sugeriu as alterações para a matriz italiana. E eles aceitaram”, conta Débora Felipe, responsável pelo marketing do estaleiro. Assim como a Sessa, a italiana Azimut Yachts, que mantém uma fábrica em Santa Catarina, também passou a oferecer a popa abrasileirada aos seus clientes, como nos modelos Azimut 42 e a Azimut 56 que já nasceram com a área na popa dedicada aos prazeres da carne e outras delícias.

Uma linha inteira da francesa Dufour incorporou o espaço gourmet na popa

Até veleiro tem!

O espelho de popa rebatível que se transforma em plataforma já é realidade em muitos veleiros. Mas a marca francesa Dufour, presente com seus barcos no Brasil há alguns anos, foi além, incluindo um espaço gourmet completo com churrasqueira a gás, pia e geladeira. O móvel, que também serve de sofá quando não está sendo usado, foi incorporado em quatro modelos da linha Grand Large: 560, 512, 412 e 460. “Nossos barcos são produzidos no sul da França, lugar com paisagem e clima propícios para ancoragens e aproveitamento da parte externa do barco. O espaço gourmet foi um pedido de clientes Dufour do mundo todo, especialmente os brasileiros”, diz Guilherme Born, diretor da CL Barcos, representante da marca por aqui. Em todos os modelos, o novo espaço na popa pode ser retirado, mas os clientes gostaram tanto da novidade que, segundo Guilherme, 100% dos pedidos foram fechados já com este atrativo.

Além do espelho de popa rebatível, o Dufour 460 vem com churrasqueira e pia na popa

Como um bom espaço gourmet deve ser

1 – O móvel, de fibra de vidro, deve ter design harmonioso em relação ao restante da lancha e ergonômico para conforto de quem prepara o churrasco. Não pode ser alto nem baixo demais.

2 – A churrasqueira, a carvão ou elétrica, deve ser embutida. É indispensável, para os modelos a carvão, uma manta de isolamento térmico, de modo que o calor não chegue com muita intensidade à parte externa. Assim, não há incomodo para quem cozinha e o risco de acidentes é mínimo.

3 – Nos barcos com churrasqueira elétrica, cheque se há um dispositivo de desligamento automático quando a tampa do espaço gourmet é fechada.

4 – A cuba da pia deve ser funda e ter torneira rebatível, o que é útil quando o móvel tem tampa. A tábua de corte tem que ter tamanho suficiente para preparar o churrasco, por exemplo.

5 – A geleira deve ter cerca de 5 centímetros de isolamento térmico para garantir eficiência, assim como a tampa da geleira, que está sempre em contato com o sol. Já o dreno deve jogar a água do gelo para uma caixa coletora ou direto para fora do casco — nunca para o porão.

6 – A lixeira é obrigatória. Quanto maior for, melhor. Além disso, o cesto precisa ser removível, para facilitar a limpeza.

7 – A barra de segurança é muito útil tanto para quem está preparando o churrasco, porque serve de apoio em caso de uma marola passar pelo barco, quanto para quem estiver na água e quer embarcar.

8 – A tampa do móvel, quando houver, pode servir tanto para fechar o espaço, quando não estiver em uso, quanto servir de extensão para um solário ou um sofá.

A Schaefer 470, em 2005, foi a primeira lancha no mundo a ter móvel gourmet na plataforma de popa

Como acender o churrasco sem tacar fogo no barco

Eis a parte mais crítica de qualquer churrasco a bordo. O que está em jogo é algo bem mais valioso: o seu barco. Afinal, fogo não combina com cascos. Mas, tomando certas precauções, tudo terminará bem. A primeira é não jogar líquidos combustíveis para acender o carvão, como o tradicional álcool doméstico. O ideal são os acendedores que já vendem prontos nos supermercados. Mas, lembre-se: o maior combustível de qualquer fogo é o vento. O que costuma ser fácil de encontrar na água. Tome, porém, cuidado para não posicionar a churrasqueira contra o vento, porque ele pode trazer partículas de carvão incandescente para a bordo e, aí, o resultado será, no mínimo, um cockpit encardido.
Nas churrasqueiras náuticas, que são bem rasas e próprias para isso, o fogo costuma pegar rápido e exige pouco carvão (aliás, os melhores são os de madeira de eucalipto, que, além de ecologicamente corretos, não criam tantas cinzas nem fumaça). Para saber se o fogo já está na temperatura certa, estenda sua mão alguns centímetros acima dele e veja se suporta o calor por mais de cinco segundos. Se sim, é porque ainda não está bom. Três segundos é a medida correta. E vá repondo o carvão aos poucos. Até porque, como cabe muito pouco carvão, ele acaba rápido. Já para apagar a churrasqueira, nunca use água, apesar da abundância ao redor do seu barco, porque pode estimular a corrosão do metal da churrasqueira, mesmo que ele seja de inox. Simplesmente, tape-a bem e deixe o carvão queimar até o fim.

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