Saiba mais sobre a paixão hereditária da família Klink pelo mundo náutico

Por: Redação -
15/07/2021

Quando Amyr e Marina Klink levaram suas filhas para a Antártica, elas eram crianças. Hoje, adultas, espalham uma profunda consciência ambiental, e uma delas é impulsionada pelos exemplos do pai

Amyr Klink, o mais célebre navegador do Brasil, dispensa apresentações, com mais de 40 expedições no currículo.

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Família Klink reunida em foto de Anna Quast e Ricky Arruda: Marina Helena, Marina, Laura, Amyr, Tamara e o simpático Rufus, que abandonou o bando com o qual vagava em Paraty e adotou a família

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Em 1986 realizou sua primeira viagem à Antártica. Na volta, começou a construção do Paratii, com o qual fez uma viagem em solitário, em 1989, que durou 642 dias, navegando por 27 mil milhas — aventura descrita no livro “Paratii, Entre Dois Pólos”.

Amyr não sabia, mas naquela viagem ele se tornaria o primeiro navegador solitário a cruzar os dois círculos polares da Terra.

Em 1998, partiu para mais uma viagem em solitário, a bordo do Paratii, iniciando o Projeto Antártica 360 Graus, em que fez a circunavegação polar pela rota mais difícil. Em 88 dias, percorreu 14 mil milhas e escreveu mais um livro, Mar sem Fim.

Em 2001, após sete anos, Amyr concluiu o Paratii 2, então o mais moderno veleiro construído no Brasil. Entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004, ele refez a circunavegação polar, dessa vez com mais quatro homens na tripulação, numa viagem que durou 76 dias sem escalas, por 13,3 mil milhas.

Nesse meio tempo, casou com Marina Bandeira, que já velejava e tinha uma empresa de eventos. em 1996. Um ano depois, foi pai das gêmeas Tamara e Laura e, em 2000 da caçula Marina Helena.

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Muitas lições e experiências valiosas foram absorvidas pelas meninas nas diversas viagens que fizeram à Antártica. Para a mãe, Marina, a viagem foi tão transformadora que ela até mudou de profissão

As meninas eram muito pequenas quando começaram a sentir a ausência do pai, que ficava fora de casa por longos períodos, que chegavam a 6 meses. Então, Marina deu a ele a ideia de levar a família na próxima oportunidade.

Quando viajaram todos juntos pela primeira vez, as gêmeas Tamara e Laura tinham apenas 8 anos, e Marininha completou 6 anos ao cruzar o Cabo Horn. O destino era a Antártica, que elas conheciam pelas histórias contadas pelo pai.

Na verdade, foi Amyr que contaminou a família com essa grande paixão pelo mar e pelas regiões geladas, e quem viabilizou levar as filhas sete vezes para o Continente Austral.

Viajando a bordo do Paratii 2, elas conhecem muito bem um pedaço do planeta que pouquíssimos privilegiados têm a chance de visitar, e puderam até mesmo velejar de Optimist ao sul do Círculo Polar Antártico.

Tamara foi ainda outras duas vezes, mas nessas oportunidades ela foi com a Marinha do Brasil, em 2014, como prêmio de um concurso que contemplava quatro vencedores.

Para Marina, a companheira de vida e de muitas expedições de Amyr, autora dos registros dos mais incríveis cenários, cenas e momentos vividos pela família, “o melhor dessas experiências é quando vemos nossos filhos transmitindo a outros jovens seus aprendizados sobre a importância da preservação da natureza. É gratificante poder olhar para todo o processo e ver que a melhor forma para tudo estar dando certo foi termos passado mais tempo juntos, procurando conduzir o olhar dos nossos filhos para o verdadeiro valor das coisas, a importância de valorizar a natureza e a imensa alegria de poder voltar para a Antártica mais uma vez”.

Como iriam faltar um mês inteiro às aulas, a escola encarou a viagem como uma atividade de estudo de campo. Assim, quando retornaram, elas se apresentaram na sala de aula, usando os diários como fonte de conteúdo e as fotografias da mãe como ilustração.

Essas apresentações foram se replicando em outras salas de aula, em outras escolas e acabaram chegando ao mundo corporativo, somando uma série de mais de 200 palestras apresentadas.

“Foi quando entendi que tudo o que elas aprenderam por nosso intermédio estava seguindo adiante, e se tornando parte dos pensamentos de outros jovens. Naquele instante tive a certeza de que todo o nosso esforço valeu”, conclui Marina.

A experiência das meninas foi ainda mais longe. Durante as viagens em família, Marina sempre deu como lição para as meninas fazerem diários.

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Ao voltar para casa, Marina reuniu os diários e, juntas, publicaram um livro infanto-juvenil chamado “Férias na Antástica”, que revela o delicado equilíbrio do planeta e o divertido jeito de encarar o mundo das três.

Nos relatos de viagem, estão as lembranças de cinco expedições em família ao continente antártico, onde focas, pinguins, baleias e muitos outros animais passam o verão.

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“Ter consciência ambiental vai ser um pré-requisito para que as empresas sobrevivam”

Crianças ainda, elas já sabiam e entendiam que nosso planeta precisa de cuidados e que, onde quer que a gente viva, nossas atitudes refletem em lugares muito distantes.

Mas, ainda crianças, seus sonhos eram bem diferentes. Quando foi para a Antártica pela primeira vez, em 2006, Marina Helena tinha apenas 6 anos e ainda sonhava em um dia ser cantora de ópera, mas, com o tempo, foi percebendo que gostava de matemática.

Laura, na ocasião com 8 anos, pensava que um dia seria veterinária, porque sempre gostou de animais. Tamara, naquela ocasião, gostava de biologia e geografia, mas com o tempo percebeu que arquitetura naval falava mais alto.

E Marina, quem diria, passou por uma experiência tão transformadora naquela longa viagem que decidiu encerrar a empresa de eventos e começou a escrever sua nova história — e que história!

Autora de três livros de fotografia, lançou recentemente o infanto-juvenil “Vamos dar a Volta ao Mundo?”, que motiva a leitura e a descoberta da natureza pelos pequenos.

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Cada uma assimilou as experiências de forma particular, mas as três – Laura, Tamara e Marina Helena – formaram profunda consciência ambiental que procuram disseminar

Atualmente, com 24 anos, Tamara estuda arquitetura naval na França e é velejadora; sua gêmea Laura é formada em Design pela ESPM, e trabalha como designer gráfica em um escritório de advocacia; e a caçula Marina Helena, 21, enquanto conclui o curso de administração de empresas na FGV e trabalha em um fundo de Private Equity, resume a sinergia das três: “A cada viagem, nós três aprendemos a trabalhar em equipe, ouvir e respeitar. Cada viagem é uma nova oportunidade de absorver valores e aprendizados. Percebemos como somos pequenos em relação ao mundo e, ainda assim, como podemos fazer a diferença se tivermos vontade e iniciativa”.

Pelo que tudo indica – inclusive sua recente experiência de navegar sozinha pela primeira vez, fazendo a travessia pelo Mar do Norte da Noruega à França, em cerca de um mês –, Tamara tem aquele diferencial do DNA do pai Amyr.

Na cidade de Nantes, onde cursa uma extensão universitária em arquitetura naval, faz planos de vir velejando para o Brasil. Ela pretende voltar à Antártica um dia, com o objetivo de ajudar a repensar o mundo em que vivemos.

E suas irmãs fazem coro para corroborar a ideia: “A gente precisa criar e contar histórias em cima dos dados sobre as mudanças climáticas para fazer as pessoas se movimentarem em prol de uma causa ambiental,”, diz Laura.

E Marina acrescenta: “As instituições precisam entender que suas condutas de governança corporativa não devem ver um programa de meio ambiente somente como diferencial. Ter essa consciência vai ser um pré-requisito que as empresas vão ter de incorporar para sobreviver no mundo”. Papai e mamãe têm bons motivos para se orgulhar!

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