Novas marinas e incentivo ao turismo náutico: conversamos com Fausto Franco, secretário de Turismo da Bahia

Por: Redação -
07/01/2021
Imagem: Mateus Pereira/GOVBA

O secretário estadual de turismo da Bahia, Fausto Franco, esteve no Estúdio NÁUTICA, em São Paulo, e concedeu uma entrevista exclusiva sobre as intervenções náuticas na Baía de Todos-os-Santos, incluindo a construção de marinas e o afundamento do ferry boat — que visa incentivar a prática de mergulho na região e estimular o turismo náutico. Veja a entrevista na íntegra no vídeo abaixo:

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Durante a conversa, o secretário Fausto Franco também detalhou as novas perspectivas sociais nos dezesseis municípios que compõem o Recôncavo Baiano, principalmente em relação a melhora da infraestrutura náutica.

Saindo de melhorias na infraestrutura, Fausto Franco, um incentivador do mercado náutico, também detalhou o apoio do Governo do Estado da Bahia à compra de embarcações, através da diminuição de alíquotas. Fora isso, a entrevista navegou até a memória dos quase saudosos saveiros baianos, que segundo o secretário, devem ser mais usados daqui para frente, mas em um cenário diferente do habitual.

Construção de marinas na Baía de Todos-os-Santos e aperfeiçoamento da região

Logo no começo da conversa, um dos primeiros tópicos abordados foi o investimento de cerca de R$ 400 milhões em recursos para desenvolver a infraestrutura náutica da região. Esse investimento foi executado pela Secretaria de Turismo do Estado — com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Tal investimento visa fomentar o turismo náutico no estado, com a construção de quatro marinas: uma em Salvador, na marina da Penha, na Ribeira, que passa por uma reconstrução; outra em Salinas da Margarida, município do Recôncavo Baiano; Fora duas construções na Ilha de Itaparica, da marina Cacha Prego, além da requalificação na marina de Itaparica.

Imagem aérea da marina da Penha, na Ribeira – Imagem: Reprodução/Bahia Notícias

A construção dessas marinas faz com que pessoas que tinham barcos em grandes cidades, tirando a capital Salvador, tenham acesso à eles em lugares mais próximos e seguros.

Além das marinas em si, outro destino desse investimento é a construção de espaços sociais em volta dessas marinas, como pousadas, restaurantes e postos de combustível. Sem contar o aprimoramento na estrutura de mecânica náutica nessas localidades, segundo o secretário. “Não adianta o estado prover essas marinas se não houver uma estrutura social nessa região”, detalha Fausto Franco.

A expectativa é que as obras sejam concluídas no final do primeiro semestre de 2021. “A Baía de Todos-os-Santos é a maior do Brasil, mas tem pouca estrutura de serviços fora da capital baiana”.  Em cima disso, a ideia da Secretaria de Turismo é de fornecer espaços náuticos em lugares que não o tinham. “A BTS — como a chamamos — é um lugar belíssimo, mas que ainda peca na infraestrutura náutica”, diz o secretário.

Ferry boat e incentivo ao turismo subaquático

No dia 21 de novembro, um ferry-boat e um rebocador foram afundados na Baía de Todos-os-Santos, nas proximidades de Salvador. O ponto de afundamento fica exatamente a 1,5 quilômetro da costa. Durante a entrevista, Fausto Franco enfatizou o quão importante foi o afundamento para o turismo na região. “Nós temos águas mornas e tranquilas o ano inteiro. Não tinha lugar melhor para afundar”, disse.

Ferry boat antes do afundamento- Imagem: Divulgação

O ferry Agenor Gordilho – com 71 metros de comprimento e 19 de altura – tinha tudo para virar sucata depois de funcionar por quase cinco décadas de navegação, mas foi transformado em um ponto de mergulho. “O ferry boat já estava parado há quatro anos e tinha um custo fixo elevado. A melhor decisão foi o afundamento”, disse o secretário.

E mais: Fausto Franco afirmou que o ferry boat Juracy Magalhães será a próxima embarcação a ser afundada intencionalmente na Baía de Todos-os-Santos. Ainda não se sabe a localidade exata porque tal feito ainda está sob estudos da Marinha e do Inema (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos).

Em cima disso, o secretário fez questão de sanar algumas dúvidas que surgiram sobre o recente afundamento. “Houve alguns questionamentos dizendo que o governo estava poluindo o mar. Mas, na verdade, a gente fez sob todas as normas de segurança possíveis. Tanto da Marinha quando do Inema”, pontuou.

Ponte Salvador-Itaparica: “A maior obra pública do Brasil”

Projeto da ponte- Imagem: Reprodução/A Tarde

Definida assim pelo secretário Fausto Franco, tal obra será realizada através de uma parceria do Governo do Estado da Bahia com um consórcio chinês formado por diversas empresas privadas. Quando questionado sobre essa construção, o secretário disse que a “ponte será importante para o turismo local e para todo desenvolvimento do estado da Bahia”.

A título de curiosidade, segundo a Bolsa de Valores a ponte vai ser a segunda maior da América Latina, com 12,4 km de lâmina d’água. Nesse aspecto, a ponte Salvador-Itaparica poderá ser considerada a maior do Brasil, já que a Rio-Niterói tem 13,2 km, mas contabiliza uma parte por terra.

Incentivo fiscal para a compra de embarcações

Outro tema abordado durante a conversa foi a prorrogação realizada pelo governo da Bahia em relação ao pagamento do tributo na importação ou aquisição de embarcações por empresas, sobretudo àquelas que visam o turismo.

Para o secretário Fausto Franco esse é um investimento do governo que irá gerar retorno para o turismo náutico, visto a baixa qualidade de algumas embarcações que navegam na região. “Temos embarcações muito antigas, barcos que não tem banheiros, motorizações lentas. Precisamos nos modernizar”, enfatiza.

Tendo em vista o investimento de R$ 400 milhões no turismo baiano,  seria “incoerente”, segundo o secretário, realizar melhorias de infraestrutura se os barcos que fazem o tráfego dos turistas na região não estiverem em boas condições de uso.

“Resgate histórico, artístico e cultural” dos Saveiros baianos

No século 20, os saveiros foram fundamentais para a economia da Bahia. Eram responsáveis pelo transporte de mercadorias e cargas pesadas entre as cidades do Recôncavo como Maragojipe, Cachoeira, São Félix e Nazaré da Farinhas.

Os Saveiros baianos

Atualmente, os saveiros estão em desuso, mas, já na parte final da entrevista, Fausto Franco indicou ser favorável ao retorno dos saveiros ao dia a dia baiano, principalmente na Baía de Todos-os-Santos. No entanto, transportando pessoas e não cargas.

“Resolvi investir na adaptação desses saveiros ao turismo, para fazer passeios turísticos ao lado de Salvador, mostrando a cidade de uma outra forma”, disse o secretário, que pretende retomar a identidade que o estado tinha com essas embarcações.

Novas marinas, que consequentemente promovem novas localidades náuticas. Iniciativas pensadas no turismo e que oferecem lazer a sociedade. Incentivos a empresas que também promovem o turismo náutico na região. Memória ao passado com a — possível — ressurreição dos saveiros. Ao que parece, o investimento feito pela Secretaria de Turismo da Bahia trará bons resultados a todos.

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