Motonáutica no Brasil

Por: Redação -
07/04/2015

1909, 2 de Março – Correio do Povo (página 6): “Lanchas. Na manhã do dia 14 do corrente mês, pela primeira vez, nesta capital, efetuar-se-á um importante match entre duas lanchas: sendo uma a Talitha, de propriedade do Sr. Germano Glotz, e a outra a Schiana, pertencente ao Sr. Pedro Pinto Lima. O percurso será da sede do Club Almirante Barroso e os Morretes, ida e volta. A voz de largada será dada às 9 horas, em ponto, da sede daquela sociedade náutica. Ao vencedor caberá como prêmio uma artística taça de prata, sendo nela servida a champanhe. Todas as despesas, tanto da taça como do champanhe, serão pagas pela parte vencida. A Talitha levará na proa a flâmula do Ruder-Club Porto Alegre e a Schiana a do Clube Barroso. Essas duas lanchas, recentemente construídas, levarão a bordo, respectivamente, aqueles cavalheiros e os maquinistas. Para o importante match vão ser convidados todos os clubes náuticos, bem como os amantes desse esporte. O torneio promete revestir-se de brilhantismo, visto, no gênero, ser o primeiro que aqui se “efectuará”. Não só entre os proprietários das duas elegantes embarcações, como entre o nosso mundo esportivo, nota-se vivo interesse pelo original match.”

E foi assim que começaram os primeiros relatos da motonáutica no Brasil…

A motonáutica nacional sempre teve seus altos e baixos, mas nas duas últimas décadas com o surgimento de diversas outras modalidades esportivas, começou a diminuir sua popularidade ficando alguns anos sem campeonatos brasileiros — com apenas campeonatos regionais e se restringindo a números menores de categorias. Vale lembrar que nas décadas de 1960 e 1970 a motonáutica nacional chegou a ter quase 200 barcos divididos em várias categorias, distribuídos em campeonatos estaduais e brasileiro.

O último campeonato brasileiro com as categorias principais como a Fórmula Indy, Stock Boat e Cracker Box ocorreu em 2009 no Estado de São Paulo com provas em São Bernardo do Campo, no famoso Riacho Grande e em Ribeirão Pires — no qual tive o prazer de competir com grandes nomes da Fórmula Indy como Marcos Silva Prado, Odair Mazzaro, Carlos Soares (Carlito), Flavio Marta, Romario Baldine e, por fim, conquistar o título de Campeão.

Já em 2010 o campeonato brasileiro aconteceu com apenas a categoria Stock Boat. Nos últimos anos as competições estão acontecendo apenas no sul do país, organizadas pela Associação de Motonáutica do Rio Grande do Sul com as seguintes categorias:

Turismo: barco com casco de fibra de vidro, (turismo) com motor de popa de até 6 cilindros.

V 500: barco com fundo do casco em forma de V, para um piloto, motor de popa, com até 530cc, 2 cilindros e 2 tempos.

V 1700: Barco com fundo do casco em forma de V, para um piloto acelerador no pé, motor de popa, com até 1 750cc.

R 2.5A: barco com casco três pontos, motorização na traseira, para um piloto, popa chata ou catamarã, motor 4 cilindros, de no máximo 2 500cc, e cabeçote com no máximo 8 válvulas e preparação livre — somente aspirado, fica proibido uso de turbo, compressores, blower ou outros mais que possam existir. Hélice livre, posição do motor livre, combustíveis gasolina, álcool ou metanol, proibido uso de nitrometano e ou óxido nitroso.

R 2.5B: barco com casco três pontos, motorização na dianteira, para um piloto, popa chata ou catamarã, motor 4 cilindros e 8 válvulas, de no máximo 2 500cc, preparação livre, hélice livre, posição do motor livre.

R 5000: motor de até 6 cilindros, com até 5 000cc e de preparação livre aspirado, cabeçote somente nacional, proibido o uso de turbo blower ou outro similar, fica também proibido o uso de oxido nitroso e Nitrometano. O casco e livre mas com três pontas, eixo fixo com hélice livre.

Força Livre: barco com casco até 20 pés, de formato e material, livre, motorização livre, combustível livre, hélice livre, posição do motor livre.

Em 2014 em um ritmo crescente da motonáutica aconteceram seis etapas finalizando o campeonato Gaúcho com a seguinte classificação:

V 500  
1° Roque kaufmann
2° Alceu Cantu
3° Cristiano Schosler

V 1700  
1° Carlos Mecca
2° Rodrigo Polasek
3° Alex Lorenz

R 2.5 A 
1° Carlos V tasca
2° Eduardo Trich
3° Julio C Coelho

R 2.5 B 
1° Gilmar Lenz
2° Alexandre Stein

R 5000 
1° Juliano Souza
2° Marcos Silva

Força Livre 
1° Ovidio Pelegrini
2° Rodrigo Polasek
3° Carlos Mecca

Para 2015 estão previstas oito etapas do Campeonato Gaúcho com disputas acirradas como vem acontecendo. A próxima etapa está marcada, ela acontece entre os dias 16 e 17 de maio, em Roque Gonzales. A motonáutica gaúcha continua aquecida mesmo após sofrer uma grande perda, o veterano Roque Kaufmann que além de grande piloto era um incentivador do esporte.

Agora vamos esperar que com o crescimento da motonáutica no Sul do país, os novos projetos de barcos que estão sendo feitos e novos pilotos surgindo, ela se estenda para o resto do país principalmente em Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro que já foram palco de grandes campeonatos e faça jus a maior costa marítima do mundo que é o Brasil.

Fotos: Campeonato Gaúcho

 

Lebos Chaguri é piloto e especialista em barcos de corrida

Náutica Responde

Faça uma pergunta para a Náutica

    Relacionadas

    Barcos submersos há 7 mil anos já traziam tecnologias utilizadas até hoje

    Encontrados no fundo de um lago na Itália, barcos já carregavam consigo soluções náuticas modernas

    Marte influencia oceanos da Terra com “redemoinhos gigantes”; entenda

    Ciclos provocados pela interação entre os planetas faz com que as correntes oceânicas profundas fiquem mais vigorosas

    NÁUTICA Talks recebe Álvaro de Marichalar em papo sobre volta ao mundo de jet

    Detentor de vários recordes no mar, explorador estará presente na série de palestras que acontece durante o Rio Boat Show 2024

    Nova V550 e jet elétrico serão destaques da Ventura no Rio Boat Show 2024

    Maior lancha da marca e primeiro jet elétrico do Brasil estarão ao lado de outros 11 produtos da marca no salão, de 28 de abril a 5 de maio

    Casal transforma container de navio em casa aconchegante e sustentável

    Paul e Cathy utilizaram materiais reciclados para construir os ambientes e criaram sistemas ecológicos para manter uma vida minimalista