Marinha do Brasil emite nota oficial sobre acidente em Guarujá

Por: Redação -
06/03/2017

Terça-feira de Carnaval, dia 28 de fevereiro, fim de tarde. Após um dia agradável de passeio na Enseada do Guarujá, um grupo de amigos retorna para a Marina Astúrias em uma lancha de recreio cabinada da marca Vega Boats, batizada de Dika Brothers. Uma das pessoas a bordo registra com uma câmera o pôr-do-sol, cujo reflexo se estende em um grande feixe a partir do horizonte, formando um conjunto harmônico com as águas calmas que banham essa parte do litoral sul paulista. Um belo espetáculo, enfim, que validava o registro. Pouco antes da entrada do Canal de Santos, porém, uma offshore cruza a esteira de uma embarcação de 50 pés que navegava quase em paralelo à lancha e invade o campo de enquadramento da câmera. O que está para acontecer parece improvável, mas se torna cada vez mais concreto à medida que a offshore avança, em alta velocidade, rumo à embarcação onde está esse grupo de amigos. E, então, abalroa-lhe o casco, no mínimo, danificando o guarda-mancebo, na altura da proa. Ouvem-se um grito e xingamentos. Atônitos, todos que estão a bordo perguntam-se o que aconteceu. “Como ele fez isso?”, questiona a autora do vídeo.

Uma das testemunhas do ocorrido (que voltava também do passeio, no entanto em outro barco, que vinha logo atrás da lancha abalroada) contou à reportagem de NÁUTICA que o comandante da offshore agiu de forma imprudente. “Ele tinha total ciência de que, se não tirasse a mão do manete, iria colidir com a lancha”, relatou. No vídeo, é possível ver que, após ter o curso de sua offshore desviado quando da passagem pela esteira do outro barco, o comandante até poderia tentar mudar o rumo, mas não o faz. O efeito, inclusive, é o oposto: mantendo forte aceleração, a offshore parece dirigir-se propositalmente em direção à lancha onde está o grupo de amigos.

Veja o vídeo na íntegra publicado no Facebook de Náutica.

Ainda de acordo com essa e outras testemunhas, que pediram anonimato, seguiu-se uma discussão entre os ocupantes dos dois barcos, na qual o comandante da offshore teria dito aos seus interlocutores que procurassem seus direitos. A discussão ganhou as redes sociais. O vídeo com toda a lastimável sequência do acidente foi publicado por NÁUTICA, no Facebook e no Instagram, gerando grande repercussão entre os leitores da revista. De maneira geral, as pessoas pedem que as autoridades tomem providências, no sentido de punir imprudências como esta e a fim de que fatos dessa natureza não voltem a ocorrer em nossas águas — clamor que tem total apoio de NÁUTICA.

Veja a repercussão entre os leitores da revista:

Uma das hipóteses para ocorrido teria a ver, justamente, com a “fama” do comandante em questão, dono de uma Ferretti 53 de cor laranja, com detalhes em preto, batizada de Again. Segundo afirmaram alguns leitores de NÁUTICA e frequentadores da região de Santos e Guarujá, ele costuma assustar navegadores, aproximando-se — sempre em alta velocidade — de outras embarcações, seja para “tirar uma fina”, seja para jogar água a bordo. Em qualquer um dos casos, frise-se, trata-se de atitude deplorável, mesmo porque coloca não só a vida dele como a de outras pessoas em risco. A propósito, houve quem lembrasse o acidente que vitimou Lars Grael, quando uma lancha invadiu a área da competição de que o iatista participava, em Vitória, no ano de 1998, decepando-lhe a perna direita.

Procurada pela equipe de NÁUTICA, a Capitania dos Portos de São Paulo, com sede em Santos, emitiu uma nota oficial à imprensa na noite desta segunda-feira (06). Leia, na íntegra.

MARINHA DO BRASIL
COMANDO DO 8º DISTRITO NAVAL
CAPITANIA DOS PORTOS DE SÃO PAULO
NOTA À IMPRENSA
A Marinha do Brasil (MB), por intermédio da Capitania dos Portos de São Paulo,
informa que tomou conhecimento, no dia 28 de fevereiro, do abalroamento ocorrido entre as embarcações “DIKA BROTHERS” e “AGAIN”, próximo a Ilha das Palmas. Uma equipe de Peritos da Capitania dirigiu-se para as marinas onde se encontravam as embarcações. Foi realizada perícia nas lanchas, ouvidas testemunhas e confeccionado um laudo pericial. Do apurado, não houve vítimas ou poluição ambiental. Um inquérito administrativo foi instaurado para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.

NÁUTICA continuará apurando o caso e publicará o resultado do inquérito administrativo instaurado pela Marinha do Brasil. Enquanto o resultado não é divulgado, a lancha permanece lacrada pela Capitania dos Portos e impossibilitada de deixar a Marina Supmar, onde está abrigada.

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