Iates do futuro: a tecnologia que promete mudar a concepção da navegação

Por: Redação -
23/06/2020
Arquivo Yachting World

Apontamentos dizem que plantas e rochas podem ser, na próxima década, os componentes dos possíveis iates do futuro feitos à base de hidrogênio

Por Felipe Toniolo, sob supervisão do jornalista Otto Aquino

Mudanças drásticas serão e são necessárias para que o propósito do Acordo de Paris de 2016, que estipulou o cumprimento de limites em relação à emissão de gases efeito estufa, seja levado em conta na vida dos amantes náuticos. A realidade de que vivemos em um mundo globalizado, polarizado e que produz cada vez mais poluição ao planeta, não é muito difícil de ser compreendida. A relação mais próxima possível do veleiro e a natureza, de fato, é o ato de velejar. Porém, até quando poderemos e seremos capazes de produzir barcos movidos a óleo diesel, feitos de materiais como plásticos e vidros robustos?

A indústria marítima, sem dúvida, é brilhante. Inovações tecnológicas e admiráveis resultados, estão com frequência, sendo estudados para que novos materiais alternativos e novas fontes de energia sejam criados. É nesse contexto que eco-tecnologia surge na gradativa evolução da produção dos iates das próximas décadas.

As saídas possíveis

Construtores de barcos estão, aos poucos, incorporando iniciativas ecológicas que vão inserindo o meio náutico, em ambientes menos maléfico para a natureza, como as novas fontes de energia sustentáveis, buscando inspirações nos matérias recicláveis e naturais. O fato de que as fabricantes sejam regulamentadas para que isso aconteça, não tira a relevância da tomada de um grande passo.

Nos próximos anos, veremos nas construções de barcos, as impressões 3D ganhando força. Já empregada em peças personalizadas, essa tecnologia seria capaz de construir cascos e conveses, ou seja, as estruturas com fibra natural, eliminariam a necessidade de moldes dispensáveis.

Um exemplo que engloba toda essa conjuntura é o 11th Hour Racing, um veleiro feito para competições internacionais, que traz a redução do desperdício e a utilização de materiais recicláveis. Com isso, se torna perceptível, a técnica de construções de embarcação com uso de poliéster colocado à mão, certamente parece cada vez mais ameaçada.

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Foto: arquivo do site Yachting World

Fibra de basalto

A fibra de basalto tem se mostrado muito promissora há um bom tempo. Ela vem sendo usada pela nova marca francesa de catamarãs Windelo, que constrói seus cascos com núcleos de garrafas PET. Todo o processo é feito emitindo em mínima quantidade de CO2, de modo que as fibras são recicláveis e resistentes à altas temperaturas.

No entanto, a planta da qual o linho é derivado, parece se tornar uma das alternativas mais eficazes para uso em aplicações compostas de alta resistência, oferecendo assim, um alto potencial na construção de barcos. Mas, logo de cara, a dúvida surge em nossas cabeças. Como assim, barcos de plantas?

Produtos como esse, à base de linho, foram testados e utilizados de maneira eficaz em carrocerias de esportes a motor e esquis de neve por sua combinação de rigidez e amortecimento de vibrações, pela empresa suíça Bcomp. Segundo Paul Riley, especialista em compósitos, os fabricantes precisam alterar e tomar posição diante ao materiais de alto impacto ao meio ambiente e que isso também proporcionará uma qualidade maior de saúde e segurança para seus trabalhadores do meio.

“Acho que veremos isso entrando no iate principal nos próximos dois a três anos”, diz Paul Riley

Foto: arquivo do site Yatching World

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Iates biológicos

Friedrich Deimann, fundador da Greenboats, recentemente declarou que ficou frustrado quando presenciou a fabricação de alguns barcos de materiais que não contribuem com a natureza. “É preciso cinco vezes mais energia para produzir fibra de vidro do que fibra de linho”, relata Deimann.

A empresa de Friedrich, mostra o que é possível, usando linho ou compósitos de fibra natural (NFC), desde de o ano de 2010. Minimiza também, o uso de moldes usando uma técnica de costura e cola para construir painéis. Mas, ele acrescenta e admite que a falta de pessoas capacitadas para trabalhar com as recentes ferramentas, e incluiu que os custos da produção em pequena escala são alguns dos empecilhos.

A North Sails, empresa que trabalha na recuperação da matéria-prima de velas usadas com o intuito de transformá-las novamente em fibras de poliéster, vê um significativo desenvolvimento de velas mais sustentáveis. Tom Davis, que supervisiona os negócios de tecidos da empresa, nos últimos 20 anos, acrescenta:

“Ficarei muito surpreso nos próximos anos, se os materiais que entram nas velas, não forem substancialmente biológicos.”

Portanto, no caso de produtos de fios de alto módulo, a North vem trabalhando com empresas de fontes biológicas, para que os fios e fibras de alto desempenho, sejam mais utilizados. “Então, em vez de bombear o óleo do solo e convertê-lo em plástico, eles começam com árvores e acabam com plásticos de alto desempenho”, explica Davis.

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