Gringo na raia

Por: Redação -
25/07/2014

Desde a década de 1980, a Ilhabela Sailing Week atrai velejadores internacionais pelas condições da raia, estrutura do Yacht Club de Ilhabela e qualidade dos velejadores. Neste ano, a Equipe WindPower, do Royal Cape Yatch Club, da Cidade do Cabo, na África do Sul, é a mais longínqua entre as 130 que competem na principal disputa de oceano da América Latina.

A Equipe WindPower foi formada há quatro anos e costuma disputar as regatas oceânicas de Cape Town em um Landmark 43 ou com um Simonis 63. Em Ilhabela, estão correndo pela primeira vez com um S40, o Crioula 03, do Veleiros do Sul, RS.

Um dos mais experientes da tripulação sul-africana é o timoneiro Mark Sadler, de 37 anos. O velejador teve contato com a modalidade aos dez anos na classe Optimist e se consolidou na vela oceânica como timoneiro do primeiro barco do continente africano na America’s Cup, o Shosholoza, na histórica participação de 2007, em Valência, na Espanha. Em Ilhabela, estão aprendendo a manejar o barco e por isso ocupam a quinta colocação entre os cinco da classe.
“É uma competição fantástica, em uma atmosfera especial, que contagia os velejadores. As pessoas são muito amáveis e proporcionam um clima de confraternização no clube e de disputas incríveis na raia. Estou adorando velejar em Ilhabela”, enalteceu Mark, admirador do adversário brasileiro Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas.

“A vela oceânica brasileira, em relação aos barcos e às tripulações, está em um nível similar ao da África do Sul, o que difere é a eficiência dos velejadores ‘top’ de monotipos, como Torben Grael e Robert Scheidt. Não temos velejadores como eles”, comparou o timoneiro sul-africano. “Os velejadores olímpicos brasileiros estão entre os melhores do mundo”, resumiu Mark.

O tático da Equipe WindPower, Rick Nankin, veterano na vela, ao ouvir as palavras de Mark, fez questão de intervir. “Considero Joerg Bruder um dos mais completos velejadores que já vi. Quando falarmos dos melhores do Brasil, temos de incluí-lo”, acrescentou Rick com entusiasmo pelo brasileiro tricampeão mundial e bi pan-americano da classe Finn, vítima do acidente aéreo de Orly em 1973.

O motivo que trouxe a tripulação sul-africana ao Brasil foi o investimento que o comandante da equipe, Phil Gutsche, em empresas multinacionais instaladas no Brasil. “O Phil, responsável por fábricas da Coca-Cola na África do Sul, está investindo em indústrias brasileiras da marca. Como estou morando há um ano em Goiânia, a relação entre os dois países fica mais estreita. A Regata Cape Town-Rio também ajudou”, esclareceu o trimmer (regulador de velas) Charles Nankin, filho de Rick.

Enquanto Charles veleja, a esposa Flávia, de Goiás, dá aula de Zumba, modalidade de ginástica aeróbica, no Yacht Club de Ilhabela. Ela é o motivo de Charles estar morando em Goiânia. “Quero aproveitar para agradecer ao Eduardo Plass e ao Samuel Albrecht pela força que estão nos dando para velejarmos no barco deles. Esse intercâmbio é fundamental para a evolução da classe e da vela em geral”, completou Charles.

A exemplo da S40, a classe C30 também consegue ser competitiva pela qualidade das tripulações. São sete barcos disputando metro a metro nas raias de Ilhabela. Apesar do equilíbrio, o Zeus Team, de Santa Catarina, conseguiu uma vantagem de sete pontos sobre o segundo colocado, Relaxa Next Caixa, que tem a mesma pontuação do Caiçara Porsche, o terceiro.

“Nossa tripulação está junta há muito tempo e nossa diferença é que temos três táticos a bordo. Eu, o Fábio Pillar e o Guilherme Lima. Um ajuda ao outro o tempo todo”, brinca o timoneiro Felipe Linhares, o Fipa, em relação ao acúmulo de funções. “Também melhoramos a mastreação para correr a Ilhabela Sailing Week”.

A liderança relativamente folgada, não dá ao timoneiro a certeza de um bom resultado ao final da competição. “No Zeus anterior perdemos o campeonato por um ponto, no último dia. Em outro campeonato, fomos superados no desempate. Sei que é importante manter os pés no chão e a regularidade até o último instante”, recomendou Fipa.

“A diferença entre chegar em primeiro ou em quinto é mínima, apenas um detalhe. O Relaxa está velejando muito bem, o CA Technologies, atual campeão, ganhou o reforço do Santinha (Maurício Santa Cruz). Todas as tripulações têm profissionais e estão aprendendo cada vez mais, o que eleva o nível da C30 a cada campeonato”, afirmou o polivalente tripulante.

A falta de vento ontem (quinta-feira), quarto dia da Ilhabela Sailing Week, provocou o cancelamento das regatas em todas as classes. Com a bandeira recon (largada retardada) hasteada no Yacht Club de Ilhabela, os velejadores sequer embarcaram, exceto as classes Star e HPE que chegaram a ir para a água, mas o vento, fraco e rondado, impediu que a Comissão de Regatas (CR) desse a largada.

As tripulações aproveitaram o dia para colocar a conversa em dia na varanda do clube enquanto a CR se esforçava, em vão, para tentar organizar pelo menos uma regata. Após o cancelamento oficial a confraternização prosseguiu com os velejadores embalados pela canoa de cerveja ao som do violinista Conrado Pouza.

Hoje, com a previsão da chegada da frente fria, com ventos de quadrante sul, todas as classes, exceto Star e HPE, estão convocadas para a largada antecipada. A intenção da CR é de fazer uma regata de percurso médio no Canal de São Sebastião.

Resultados

S40
1- Pajero – 8 pp (2+3+1+1+1)
2- Carioca (Roberto Martins) – 12 pp (1+4+3+2+2)
3- Crioula 29 (Samuel Albrecht) – 13 pp (3+2+2+3+3)

C30
1- Zeus – 9 pp (3+1+2+2+1)
2- Relaxa Next Caixa – 16 pp (2+7+1+1+5)
3- Caiçara-Porsche (Marcos de Oliveira Cesar) – 16 (4+3+3+3+3)

HPE
1- Ginga (Breno Chvaicer) – 10 pp (1+1_+4+2+2)
2- Bixiga (Pino di Segni) – 20 pp (6+5+2+3+4)
3- Fit to Fly (Eduardo Mangabeira) – 25 pp (5+2+1+9+8)

Star
1- Lars Grael/Samuel Gonçalves – 5 pp (1+1+1+2)
2- Bruno Prada/Guilherme Almeida – 11 pp (4+3+3+1)
3- Fábio Bruggioni/Marcelo Sansone – 17 pp (3+5+5+4)

ORC A
1- Seu Tatá – 7 pp (2+2+1+1+1)
2- Angela VI (Peter Siemsen) – 11 pp (3+1+2+2+3)
3- Lexus/Chroma (Gustavo Crescenzo) – 13 pp (1+4+3+3+2)

ORC B
1- Lucky V – 8 pp (4+1+1+1+1)
2- Absoluto (Pedro Prosdócimo Neto) – 16 pp (3+4+4+3+2)
3- Santa Fé V (Nélson Ávila Thomé Jr.) – 17 pp (1+2+2+5+7)

ORC C
1- Bravísismo 4 – 5 pp (1+1+1+1+1)
2- Prozak (Márcio Finamore) – 13,5 pp (3+2+2+2,5+4)
3- Rocket Power (Luiz Augusto Lopes de Castro) – 15,5 pp (4+3+3+2,5+3)

ORC Geral
1- Seu Tatá – 14 pp (5+6+1+1+1)
2- Lucky V – 17 pp (7+1+3+3+3)
3- Bravíssimo 4 – 23 pp (6+3+5+2+7)

IRC
1- Rudá – 5 pp (1+1+1+1+1)
2- Mandinga (Jonas Penteado) – 11 pp (2+2+2+2+3)
3- Terroso (Carlos Augusto Matos) – 14 pp (3+3+3+3+2)

RGS A
1- Quiricomba – 13 pp (8+2+1+1+1)
2- Brekelé (Marinha) – 13 pp (4+1+3+3+2)
3- Montecristo (Julio Cechetto) – 18 pp (2+7+2+4+3)

RGS B
1- Bruxo (Luiz Schaefer) – 13 pp (2+2+1+5+3)
2- Total Balance – 17 pp (1+1+13+1+1)
3- Albatroz (Marinha) – 18 (3+6+2+2+5)

RGS C
1- Azulão – 10 pp (1+2+2+4+1)
2- Xiliki (Renato Bosso)- 14 pp (5+3+1+3+2)
3- Rainha – 19 pp (4+5+6+1+3)

RGS Cruiser
1- BL3 (Clauberto Andrade) – 9 pp (1+3+4+1)
2- Thalassa (Maurício Duarte) – 10 pp (2+1+2+5)
3- Jambock (Marco Aleixo) – 12 pp (3+2+5+2)

RGS Geral
1- Azulão – 29 pp (1+4+4+14+6)
2- Brekelé – 34 pp (16+3+8+4+3)
3- Xiliki – 35 pp (5+6+3+12+9)

Por equipes – após 5 regatas
1- Escola Naval (Bijupirá/Breklé/Dourado/Quiricomba) – 156 pontos
2- Charitas (Lucky V/Santa Fé V/Albatroz/Zeppa) – 182 pontos
3- Iate Clube de Santos (Chroma/Pi/Ciao/Saba) – 198 pontos
4- Yacht Club de Ilhabela (Orson/Fantasma/Kanibal/Jazz) – 274 pontos

Fotos: Divulgação

 

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