Livro reúne naufrágios da Baía de Ilha Grande

Por: Redação -
05/01/2017

Foi para praticar a caça submarina que o carioca José Eduardo Galindo começou a mergulhar. E, por algum tempo, esse foi seu único propósito debaixo d’água. Mas, ao se deparar com naufrágios, principalmente na Baía de Ilha Grande, em Angra, terra natal de Galindo, o mergulhador desenvolveu uma paixão por barcos (e aeronaves) afundados e, também, pela flora e fauna marinha. Membro fundador da Sociedade Angrense de Pesquisa Subaquática e atual dirigente da instituição, Galindo é, hoje, o maior especialista em naufrágios naquela região. Foi ele, inclusive, o responsável pela descoberta do naufrágio Vapor Califórnia, que se tornou um dos mais famosos do Brasil, e por pesquisas minuciosas em outros campos relacionados à área náutica. “Troquei o arpão pela câmera fotográfica e comecei um trabalho de identificação de naufrágios na Baía de Ilha Grande. Isso mudou completamente a minha maneira de ver o mar”, conta Galindo, que acaba de lançar o livro Naufrágios da Baía de Ilha Grande, que serve como guia e leitura de cabeceira, pois, além de trazer localização e dicas preciosas de mergulho, conta as histórias e mostra fotos destes verdadeiros museus do fundo do mar.

Galindo lista mais de 20 naufrágios em seu livro, incluindo os de um helicóptero e de uma aeronave, esta última conhecida como a Aeronave das Barras de Ouro, afundada em 1958. Mas, para o autor, há dois naufrágios especiais, o Vapor Califórnia, descoberto pelo próprio Galindo, e o Navio Encouraçado Aquidabã, desastre amplamente documentado. “O Vapor Califórnia é o único no Brasil com caldeiras de baixa pressão e dois cilindros com pistões. Apesar de ter sido muito saqueado durante os anos, essas peças tão importantes ainda estão debaixo d’água”, comenta Galindo. Já o Aquidabã era a mais poderosa unidade da Marinha do Brasil e veio a pique em 1906, após explosões até hoje não explicadas. Resultado: 212 homens, muitos deles heróis da Guerra do Paraguai (1864-1870), morreram no desastre. A Marinha ainda presta homenagens às vítimas do Aquidabã, que, com 85,40 m, é um verdadeiro tesouro arqueológico — e um dos naufrágios mais visitados da Baía de Ilha Grande.

Galindo foi o responsável, também, pelo resgate de moedas datadas da época do Império Romano, que, para ele e diversos estudiosos, provam que a costa brasileira já era uma rota marítima muito antes do Descobrimento, em 1500. Ex-professor de educação física, ele ainda faz diversos mergulhos, mesmo aos 71 anos, e pretende continuar com a atividade. “Infelizmente, a maioria dos meus amigos não mergulha mais e eu não quero parar. Por isso, tento sempre manter a saúde em dia, com boa alimentação e muitos exercícios. As paixões pelo mar e pelos naufrágios tratam de alimentar minha alma”, diz o mergulhador, que não esquece da ajuda que prestou ao oceanógrafo francês Jacques Cousteau (1910-1997), em 1985, quando esteve desenvolvendo pesquisas em Angra.

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