Você sabe o que cada cor representa na iluminação de navegação noturna?

Luzes podem fornecer informações importantes, desde o tipo de barco até situações ou eventos específicos

Por: Redação -
11/10/2023

Não é novidade que a navegação noturna (ou qualquer situação que prejudique a visibilidade total) requer iluminação considerável, garantindo a identificação necessária para cada embarcação. Mas você sabe o que cada cor representa?

A diferença entre as cores, a posição e o número de luzes pode indicar desde o tipo de barco passando pelo local — uma lancha, um barco de pesca ou rebocador, por exemplo — a alguma situação determinada ou acontecimento — obstruções, riscos à navegação, acidentes, naufrágios e destroços etc.

Portanto, é necessário estar sempre atento à iluminação ao redor do barco, especialmente àquelas que podem indicar que outra embarcação se aproxima.

 

As luzes obrigatórias, a forma de uso e o que elas significam estão devidamente explicadas no Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar (RIPEAM-72), Regras 20 a 31 e seus detalhes técnicos de instalação e funcionalidades no Anexo I do regulamento.

 

É importante ressaltar que é matéria de prova de Mestre Arrais e Capitão Amador as regras do RIPEAM-72 e, nas aulas práticas obrigatórias, elas fazem parte da lista de itens a serem treinadas a bordo.

Todas as luzes tem uma função importante, mas as mais relevantes , são as “Luzes de Navegação”, que na verdade tem o nome oficial de “Luzes de Bordo”, as verdes e vermelhas (também chamadas de “encarnadas”). Elas indicam quando um barco está se aproximando ou se afastando. As vermelhas (encarnadas) ficam a bombordo, e as verdes, a boreste.

 

Ou seja, é possível facilmente identificar, pelas luzes de bordo que você avista, se a embarcação está indo ou vindo em relação a sua posição ou direção navegada.

 

Por exemplo, se você olha para o quadrante esquerdo (a bombordo, onde fica sua luz vermelha/encarnada) e avista a luz verde (bordo oposto/boreste), atente-se, pois a embarcação navega em sentido contrário ao seu e, portanto, está se aproximando. Vale dizer que as luzes são constantes, não piscam.

 

Qualquer navio, lancha ou veleiro também é equipado com luzes brancas na popa. Barcos a motor de até 50 metros de comprimento possuem uma única luz branca, situada no mastro ou local mais visível possível (conforme as regras do Anexo I do RIPEAM 72).


A do veleiro não precisa ficar, necessariamente, no mastro, ao contrário dos navios com mais de 50 metros de comprimento total, que precisam apresentar duas luzes brancas, sendo uma num mastro da proa (mínimo de 6 metros de altura em relação ao convés), que fica a uma altura mínima de 4,5 metros mais baixa que a do mastro de ré.

 

Como navios são embarcações maiores, essa diferença existe para facilitar sua localização e, em especial, a direção que ela segue.

 

Ainda em relação às cores de cada luz, os rebocadores são uma exceção importante: ao rebocar outro barco, exibem luz amarela na popa, acima da luz branca de alcançado (aquela que fica na popa). Isso significa que existe um cabo de reboque conectando as duas embarcações, impossibilitando o tráfego atrás do rebocador. Esclarecidas as diferenças entre as cores, é importante ressaltar que existe mais de um tipo de iluminação.

Além das luzes comuns, as luzes circulares são aquelas que podem ser vistas de qualquer ângulo, ou seja, iluminam os 360 graus ao seu redor, e podem instaladas junto com as luzes de bordo desde que fiquem, neste caso, pelo menos 1 metro abaixo da luz de mastro (também conhecida como luz de fundeio ou ancoragem).

 

Se houver apenas uma luz circular, de cor branca, é para sinalizar barcos a remo, barcos pequenos (de até 23 pés, tanto a motor, quanto a vela), e barcos ancorados. Caso existam três luzes circulares vermelhas, significa que um navio está passando por algum canal pouco profundo e tem restrição de manobra por causa de seu calado.

 

Os barcos da Praticagem, ou seja, guiados por especialistas que organizam a logística do local, são sinalizados por duas luzes circulares, posicionadas na vertical, sendo a superior branca e a inferior vermelha. O hidroavião possui uma única luz circular branca entre as luzes de bordo.

 

Em relação aos barcos de pesca, existem alguns pormenores. Quando em movimento, possuem mais duas luzes circulares além das luzes já citadas, posicionadas verticalmente, em um mastro.

Caso essa pesca seja de arrasto, ou seja, com rede no fundo, a luz superior é verde e a inferior é branca. Se não for esse o caso, e o barco for de pesca com redes boiadas ou outro tipo, a luz superior é vermelha e a inferior é branca, devendo ainda exibir uma luz circular branca voltada ao aparelho de pesca se este tiver mais de 150 metros de extensão.

 

Lembre-se: luzes piscantes sinalizam faróis ou sinalizadores de canais. Portanto, é incorreto instalar luzes estroboscópicas ou qualquer tipo de iluminação que não seja contínua em embarcações comuns. Este tipo de luz pode e deve ser usada em aparatos de emergência, para facilitar as buscas no mar.

 

Quanto a regra básica para se evitar colisão, é simples: o barco que estiver navegando pelo seu boreste, ou seja, que você aviste olhando para a direita, com a luz de bordo vermelha, se à noite, tem a preferência de passagem. A única ressalva é em relação aos barcos a vela e de pesca arrastando redes, que possuem a preferência em relação ao motorizados de passeio em qualquer situação.

 

Além de tudo isso, as boias também são marcações muito importantes para a organização e segurança do tráfego marítimo. No Brasil, o padrão é o IALA B, ou seja, ao entrar em um porto, canal ou marina sinalizados, o correto é deixar as boias vermelhas/encarnadas a boreste e as verdes a bombordo.

 

Ao sair, a ordem, obviamente, se inverte. Numa próxima oportunidade vamos falar das boias e marcações de perigo, obstrução e indicativos de passagem segura, em especial as boias cardinais que têm sua representação principal por cores e formas e respectivas luzes indicativas noturnas, bem específicas. Fique atento!

 

Por Naíza Ximenes, sob supervisão do consultor técnico Guilherme Kodja e da jornalista Maristella Pereira.

 

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