Casal de brasileiros troca a vida em terra firme para navegar pelo Mediterrâneo

Por: Redação -
08/02/2021

O casal de brasileiros Carolina Lara, 37, e Fernando Silveira, 42, escolheu 2020 para realizar um sonho: depois de juntar suas economias e deixar para trás uma vida no mundo corporativo, os dois foram para a França e, lá, compraram um veleiro.

Eles só não contavam com o lockdown em decorrência da pandemia. “Nosso objetivo era viver no veleiro e levar turistas para passear com a embarcação no mar Mediterrâneo”, conta Carolina. “Mas logo que chegamos à Europa, houve o lockdown, as navegações foram proibidas e ficamos presos na marina”.

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Por quase três meses, seu recém-adquirido barco ficou parado em terra firme em um espaço dentro de uma marina da região francesa do Bouches-du-Rhône e sem poder ser colocado na água.

“A pandemia pegou a gente em cheio”, relata Carolina, dizendo que o veleiro, com os passeios turísticos, seria a fonte de renda do casal e que, de repente, eles se viram impossibilitados de realizar qualquer atividade lucrativa com a embarcação.

“Não dava para saber quando sairíamos dali. E tivemos medo de ver nosso dinheiro acabar e ter que voltar para o Brasil sem haver colocado o projeto em prática”.

E as restrições de movimento não eram apenas para o barco: o casal também foi posto em uma espécie de paralisia. Com o lockdown na França, eles só podiam sair da marina para ir a locais essenciais na rua (como o mercado). E os dois começaram a lidar com a situação surreal de viver, por prazo indefinido, dentro de um veleiro colocado sobre o cimento.

“O veleiro ficava sobre uma espécie de plataforma, com a proa a cerca de três metros de altura, e tínhamos que usar uma escada para subir e descer dele. E, quando o barco está no seco, seu banheiro não pode ser usado. Então, tínhamos que descer a escada para ir ao banheiro da marina, que era compartilhado por um monte de gente. E isso nos deixava preocupados, por causa do coronavírus”, conta Carolina.

O casal preparava sua comida na cozinha que existe dentro do veleiro (que também possui acomodações para dormir e sala de refeições). “Mas quando precisávamos fazer alguma manutenção no barco, não havia profissionais disponíveis para o serviço. Então, tivemos que aprender a consertar e instalar muitas coisas no veleiro, o que foi bom para a gente”, avalia Carolina.

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Sentindo-se isolados e sofrendo com o frio do outono europeu, os brasileiros acabaram fazendo amizade com outros donos de embarcações que também estavam presos na marina francesa e angustiados com a impossibilidade de navegar. Conhecemos outros navegadores, começamos a fazer churrasco e acabamos criando uma comunidade incrível de amigos. Toda a experiência foi bastante desafiadora, mas nos trouxe muitos aprendizados”, diz Carolina.

Por causa de um cuidadoso planejamento feito ainda no Brasil, o casal possuía uma reserva financeira para aguentar o período de inatividade que foi imposto pela pandemia. Com a reabertura gradual da Europa, eles finalmente receberam autorização para colocar seu veleiro na água — que reentrou no Mediterrâneo junto com o aumento das temperaturas no Velho Continente.

“Agora, estamos pegando o reaquecimento do turismo na Europa e já realizando passeios”, conta Carolina. Muitas pessoas veem o veleiro como uma opção segura de viagem, onde dá para evitar aglomerações e fazer turismo de maneira mais reservada”.

Inicialmente, o objetivo da dupla era atender principalmente a turistas brasileiros. “Mas, com a situação da pandemia no país e a proibição da entrada de brasileiros na União Europeia, começamos a vender passeios para europeus. E já estamos atendendo muitos viajantes”. Nas últimas semanas, o casal tem navegado por alguns dos locais mais paradisíacos do Mediterrâneo. Eles já passaram pela Riviera Francesa, Córsega e Sardenha, na Itália.

Os brasileiros oferecem um serviço customizado: além do espaço onde os dois moram dentro do veleiro, a embarcação possui dois camarotes com cama queen size para serem utilizadas pelos hóspedes. “Proporcionamos para os turistas a experiência de viver em um barco, por um período que é definido pelo cliente”, explica Fernando. “A pessoa estipula quantos dias quer ficar a bordo e quais lugares quer visitar, como praias, pontos de mergulho e cidades litorâneas. Também preparamos refeições ao gosto do cliente”.

As jornadas marítimas do casal, em 2020, ficaram concentradas principalmente na Itália, mas, em 2021, eles pretendem levar turistas para navegar pela costa da Croácia e pela Grécia.

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