Angra lança campanha para salvar traineira usada para transportar presos políticos na ditadura
O município de Angra dos Reis lançou a campanha “Salvemos a Loretti”, traineira que é reconhecida como patrimônio da história do sistema penal, da navegação e da Ilha Grande. Com 110 anos, sem manutenção adequada nos motores, a Loretti acabou afundando, em março de 2014, no cais Santa Luzia, no Centro de Angra dos Reis e desde em tão está guardada na Marina Verolme.
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A embarcação também serviu à Defesa Civil para salvamentos marítimos e à população da Ilha Grande depois que o presídio foi implodido por ordem do então governador Leonel Brizola. A proposta de recuperar a traineira começou pelo seu mestre, Constantino Cocotós, que também comandava a Defesa Civil na Ilha Grande. Ele morreu, em 2013, sem realizar o sonho de ver a Loretti num museu a céu aberto na Vila do Abraão. A pedido da comunidade, o nome de Cocotós foi eternizado no Centro Cultural da Ilha Grande. Há oito anos, a então prefeita Conceição Rabha prometeu recuperar a embarcação, a mesma promessa feita no ano passado por Fernando Jordão, que foi reeleito e é o atual prefeito de Angra dos Reis.
Sem solução à vista, o fundador da Associação de Canoagem Oceânica de Angra dos Reis (ACOAR), Marcelo Lopes lançou a campanha “Salvemos a Loretti”, com apoio de moradores da Ilha Grande, de empresários e de parentes do falecido Constantino. “A Loretti teve uma importância fundamental para o transporte de presos e depois para salvamentos na Ilha Grande. Era uma embarcação moderna para a época por causa do seu modelo, com proa alta, extremamente segura para enfrentar as ondas em mar aberto. Somente ela entrava em Dois Rios, onde ficava o presídio. É preciso recuperar o madeiramento e partes de metal. Estamos buscando emendas parlamentares e ajuda de um pool de empresas para recuperar a traineira e transformá-la num museu na Vila do Abraão, como era o sonho de Cocotós”, explica a relevância da medida.
Em março de 2019, a vereadora Titi Brasil fez o primeiro pedido à prefeitura para recuperar a Tenente Loretti “para manter a história viva”. O Presidente da Associação dos Condomínios da Costa Verde, Manoel Francisco de Oliveira informou que há um grupo de empresários dispostos a transformar a Loretti em museu. Mas para que isso aconteça, a prefeitura de Angra precisa apresentar um projeto de recuperação, a titularidade e o destino que pretende dar à traineira após a reforma.
Lopes recorda que “além de trazer presos do Rio, na época da ditadura, a traineira também levava os detentos para audiências em Angra dos Reis. Transportava mantimentos para o presídio e, após a implosão, além de atuar em salvamentos, ia imponente na frente da procissão marítima do padroeiro da Ilha Grande, São Sebastião”.
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