A saga de um dos maiores iates do Brasil para chegar ao mar

Por: Redação -
21/08/2018

Como transportar um colosso de 88 toneladas, com quase 30 m de comprimento e largura de 7,05 m, por ruas e rodovias, ao longo de exatos 131 km, entre Osasco, na Grande São Paulo, e o litoral paulista?

A resposta a esta “equação” não é simples, mas os números falam por si. A primeira viagem da Intermarine 95 — maior barco já construído pela marca —, registrada por NÁUTICA no fim do ano passado, envolveu 50 pessoas, entre colaboradores do estaleiro paulista, que produziu o iate em questão, e prestadores de serviços, que se dedicaram a esse trabalho por quatro dias (ou melhor, noites, já que o deslocamento de cargas desse porte raramente acontece à luz do sol) do mês passado.

Isso sem contar o período de preparação necessário para o início da saga. Não foi a primeira vez que São Paulo parou para ver um barco desfilar no asfalto. Há 15 anos, o veleiro Paratii 2, de Amyr Klink, de 70 toneladas, 28,34 m de comprimento e 8,5 m de boca, cumpriu praticamente o mesmo roteiro, antes de estrear no mar e ganhar o mundo — uma ideia do caminho de sucesso que a Intermarine deverá percorrer.

A viagem em 8 momentos. De Osasco, na Grande São Paulo, ao Guarujá: o caminho percorrido pela Intermarine 95 (Fotos Paulo Schlick)

1 — Casco e fly separados
Por conta da altura, a Intermarine 95 precisou ser desmontada em duas partes. Uma carreta de 38 m de comprimento, com uma dúzia de eixos, foi reservada para o casco e o convés, enquanto outra menor, de 30 m, carregou a superestrutura do flybridge com hardtop. Antes disso, porém, o estaleiro contratou um guindaste extra apenas para içar as duas partes e colocá-las nas jamantas — o que foi feito ainda dentro do galpão, em Osasco, na Grande São Paulo.

2 — Primeira etapa vencida
O maior desafio para a Intermarine não foi transportar o casco em si até o mar (algo que sempre fez com maestria), mas carregar a imponente, porém delicada, superestrutura do flybridge com hardtop em uma carreta. O início do primeiro dia da viagem foi cumprido com êxito, quando, à noitinha, a carreta se aproximou da estrada que dá acesso à Rodovia dos Imigrantes, caminho para o Guarujá, no litoral paulista.

3 — Pernoite na estrada
Durante todo o trajeto, a preciosa carga recebeu escolta especializada. Como não é permitida a movimentação de embarcações na Imigrantes no fim de semana, as carretas pernoitaram na estrada em duas ocasiões. E, em ambas, seguranças particulares foram contratados para evitar curiosos.

4 — A descida da serra
Cercada de muita expectativa, especialmente por conta das curvas da estrada, a descida da serra do mar levou dois dias. Em um dos trechos, graças à altura da carga, foi preciso desviar de uma passarela e, para isso, as carretas tiveram de trafegar fora da pista. A propósito, todas as licenças para o transporte do iate (inclusive o desvio) foram obtidas junto aos órgãos de trânsito e concessionárias das rodovias.

5 — No nível do mar
No penúltimo dia de viagem por terra, as carretas percorreram o trecho urbano do Guarujá, chegando ao bairro de Astúrias. Durante a travessia, curiosamente, os veículos jamais ultrapassaram a velocidade de 30 km/h.

6 — Montagem final
Após a chegada do iate ao Guarujá, caminhões com itens de marcenaria, elétrica, mecânica, decoração, além de ferramentas de produção da Intermarine, seguiram até o mesmo destino para iniciar os detalhes finais da montagem. Cerca de 20 pessoas foram mobilizadas para concluir a obra.

7 — Bem perto do mar
Para os primeiros testes de mar, além dos engenheiros do próprio estaleiro, parceiros e fornecedores dos Estados Unidos e o criador da obra, o designer brasileiro Luiz de Basto, que mora em Miami, vieram exclusivamente ao Brasil para acompanhar o processo.

8 — A estreia de uma grande estrela 
Se estivesse vivo hoje, o saudoso fundador do estaleiro paulista Intermarine, Gilberto Ramalho, estaria orgulhoso de toda a sua equipe e, em especial, de sua filha, Roberta Ramalho, atual presidente do estaleiro, que brilhantemente seguiu seus passos e lançou a Intermarine 95. Um iate único. A começar pelo tamanho dos cômodos. A proposta é justamente estimular a criatividade do dono, que deve imaginá-lo como uma folha em branco, onde pode colocar o que quiser — porque, muito possivelmente, caberá. A Intermarine 95, com pouco mais de 29 metros de comprimento, tem uma aparência claramente esportiva — embora ofereça um nível de conforto altíssimo. As linhas são ousadas e fazem parte da ideia de mostrar um iate não tão convencional quanto os demais do mesmo porte. E consegue. Um barco feito para impressionar.

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