Só Deus Perdoa (os incompetentes)

Por: Redação -
05/02/2015

No mundo dos combates aéreos, uma performance que não seja considerada excelente ou perfeita, contra um oponente do mesmo calibre, irá resultar em uma rápida e permanente perda. No caso, a morte. No mundo dos negócios as coisas não acontecem tão rápido assim, mas provocam os mesmos estragos. Como algumas empresas florescem e crescem enquanto outras ficam estagnadas ou afundam lentamente? Decisões medíocres levam a uma lenta, mas real, perda de competitividade de qualquer empresa de fabricação de barcos. Veja à nossa volta os últimos exemplos!

Confesso que escrevendo hoje esta coluna, logo após o desfecho do Boat Show de Londres e Dusseldorf, pude perceber uma preocupação profunda na sobrevivência das empresas do ramo náutico. O negócio de construção de barcos tem hoje certamente mais estaleiros do que consumidores, ou seja, alguns devem ser eliminados. O Boat Show de Miami em mais alguns dias vai confirmar ou não os prognósticos.

Mesmo com bons indicativos econômicos, a situação de hoje nos Estados Unidos é bem diferente daquela quando Don Aronow foi assassinado em 1987, na 188th street em Miami, onde existia um estaleiro ao lado do outro e a cada semana um novo surgia. Mas ninguém se importava, pois havia muito mais clientes que fabricantes de barcos. O faturamento era bom para todo mundo. As condições geopolíticas na Europa, Ásia e EUA, aliados a outros fatores sociais e econômicos, acabaram se tornando um pano de fundo nos últimos eventos náuticos para prognosticar as dificuldades dos fabricantes de barcos. Quantos perderão seus negócios?

Durante a reunião da ICOMIA (International Council of Marine Associations), onde a ACOBAR ocupa um assento no conselho executivo, foi discutido que uma das maiores preocupações dos fabricantes é saber como dimensionar seus negócios para enfrentar os desafios de uma atividade onde existe pouca procura e muita oferta.

Dimensionar o risco de uma decisão hoje parece ser uma necessidade vital para cada estaleiro. Nenhum bom estrategista pode prever com exatidão tudo o que vai acontecer agora e nos anos seguintes. Embora o risco de qualquer negócio, em um mundo globalizado seja difícil de prever, ele pode ser minimizado. Em qualquer análise de riscos existem alguns que são previsíveis e passíveis de serem evitados ou mesmo reduzidos, mas outros são inevitáveis. O maior problema dos riscos não previsíveis é que eles vão drenando e consumindo os recursos de reação de uma empresa, diminuindo a vitalidade de competir e mesmo de se preservar em um negócio.

Qualquer que seja hoje o negócio, e particularmente o de construção de barcos, as pessoas encarregadas do gerenciamento vão precisar de uma visão holística do mundo e da sua interconectividade de riscos. Segundo Aristóteles, e sua metafisica, o holismo enfatiza que qualquer sistema não pode ser explicado somente pela soma de seus componentes e o sistema também determina como se comportam as partes.

Os aspectos econômicos de hoje também não estão fundamentados somente nos riscos previsíveis, mas também em uma dinâmica de eventos que podem mudar rapidamente o rumo de um negócio, aquisição ou fusão. A história está cheia de casos de empresas sadias que em poucos meses falharam e desapareceram.

A sobrevivência de uma empresa requer hoje que o direcionamento dela mantenha o negócio a frente dos competidores, com um gerenciamento resiliente de riscos. O ponto de partida para se criar um pensamento resiliente é eliminar da nossa mente a ingênua suposição de que é possível sair de uma grave crise em que nos metemos usando o mesmo pensamento que a produziu.

 

Jorge Nasseh é especialista em construção e composites e costuma viajar os quarto cantos do mundo em busca de novidades no meio náutico

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