Quer saber por onde navegar? Conheça o paraíso chamado Ilha Fantasma

Por: Redação -
04/11/2016

“Eleger um lugar favorito na faixa litorânea que se estende da paulista Cananéia à paranaense Pontal do Sul – que eu costumo explorar, com minha família, a bordo de uma lancha Diamar-22 Tempest, já com quase 40 anos de mar – é um desafio. São tantos canais, ilhas, praias belas, enseadas lindas para jogar âncora nesse trecho, de cerca de 60 milhas, que fica difícil eleger apenas um sem ficar com remorso por preterir os outros. Sem contar que se trata da maior extensão de águas abrigadas do mundo e uma das três Reservas da Biosfera mais importantes do planeta, conforme elegeu a Unesco.

Uma boa pedida é ir de Cananéia até a barra do Ararapira, no extremo sul do Estado de São Paulo, divisa com o Paraná, um roteiro de 30 milhas. Essa barra abriga um lugar maravilhoso: um banco de areia conhecido como Ilha Fantasma. Na parte interna desse banco de areia forma-se um remanso com dois metros de profundidade, um ótimo lugar para se ancorar. A praia, linda e deserta, fica voltada para o mar. Como se isso não bastasse, quando em maré baixa, formam-se piscinas naturais e uma longa faixa de areia até a arrebentação. As crianças adoram. Os adultos também!

Na margem sul dessa barra fica o povoado de Ararapira, pequena vila de pescadores onde aparentemente o tempo parou. São cerca de 100 famílias de caiçaras vivendo em poucas dezenas de casas. Só tem uma pousada. Você pode passar a noite ouvindo modas de viola. Saindo de Cananéia — cidade que oferece aluguel de barcos, combustível, água e suprimentos, além de uma ótima culinária, especialmente para quem gosta de frutos do mar, e muitas opções de hospedagem —, a viagem até a barra tanto pode ser feita tanto em cerca de 75 minutos quanto demorar horas. Só depende da sua pressa e da vontade de explorar as atrações que vai cruzar pelo roteiro. Dele faz parte, por exemplo, Marujá, vila de pescadores onde se encontram bons lugares para comer e linda praia deserta. Outra atração é São José do Ararapira, vilarejo fundado em 1776 que se transformou em uma cidade fantasma após a abertura do Canal do Varadouro, em 1952, quando as casas passaram a ser derrubadas pelo regime de marés. A casa da derradeira moradora permanece intacta e fechada desde o dia de sua morte. A Igreja de São José, construída no fim do século 19, ainda conserva os bancos de madeira e as imagens no altar singelo. Mas não há missas, nem padres, nem fiéis, exceto no dia 19 de março, quando se cultua o padroeiro São José com uma grande festa.

Se a pedida é comer bem, vale a pena fazer um pequeno desvio do nosso caminho e, em cinco minutos, chegar à vila do Ariri, onde existem boas opções. Próximo dali, num lugar conhecido como Melão, existe uma pequena ilha onde impressiona a todos a facilidade e a fartura com que se encontra um pequeno molusco com o nome de “vôngole” –  ótimo programa para se fazer na volta da barra do Ararapira.

Navego nesta região há mais de 20 anos. Uma experiência extremamente desafiadora e emocionante, proporcionada por um lugar que reúne natureza quase intocada, golfinhos nos quais quase se pode tocar, pesca farta, piscinas naturais, praias, cachoeiras e várias cidades e povoados. Nesse cenário, já naveguei mais de 15 mil milhas, passando maravilhosos fins de semana, como comprova o hodômetro de minha velha lancha”.

O leitor Tullio Bevilacqua, concedeu esta entrevista à revista Náutica, em Junho de 2014.

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