O que fazer quando alguém a bordo gritar “homem ao mar”?

Por: Redação -
26/12/2016

A situação é grave e aflitiva. Felizmente, só acontece com raríssima freqüência e quase sempre apenas em regatas, quando a intensa atividade a bordo dá margem a riscos maiores. Quando, porém, ocorre de um tripulante cair do barco, o procedimento correto (e, principalmente, a rapidez com que ele precisa ser executado!) pode significar a diferença entre resgatar o náufrago com vida ou perdê-lo para sempre.

O ser humano pode sobreviver na água fria por pouco tempo, devido aos efeitos da hipotermia. Nossas águas não são tão geladas assim, mas, localizar uma pessoa na imensidão do oceano nem sempre é fácil, especialmente à noite.

Segundo estatísticas da Guarda Costeira Americana, cerca de 70% das pessoas que caem de um barco no mar e não são resgatadas na primeira tentativa não costumam mais serem encontradas na segunda — sim, a coisa é bem séria! Por isso, veja a seguir o passo a passo correto sobre o que fazer quando alguém a bordo gritar o quase trágico “homem ao mar!”.

Quatro passos para resgatar um tripulante

1º Localização

A pessoa que perceber o acidente deve gritar imediatamente, alertando a tripulação, e parar o barco. Ao mesmo tempo, deve grudar os olhos na vítima, não desgrudando dela, enquanto pede que alguém forneça algo flutuante para ser lançado em sua direção  (defensa ou bóia, por exemplo). Deve-se, também, acionar o botão MOB (Man Overboard) do GPS, para gravar o ponto exato da queda. Nunca se deve perder o náufrago de vista.

2º Retorno

Evite que a embarcação se afaste do local da queda. Pare o barco, mude o rumo e se aproxime da vítima. Num barco a motor, isso deve ser feito com uma curva de 180 graus no sentido oposto. Nunca engate a ré, por causa dos hélices na vítima! Em um veleiro, guine rapidamente para barlavento, cambe e volte ao local da queda, manobrando para se aproximar do náufrago numa orça apertada, para poder controlar a velocidade do barco.

3º Aproximação

Posicione o barco a barlavento da vítima, deixando-a a sotavento. Isso irá protegê-la dos ventos e das ondas e evitará que o barco derive na direção oposta a ela. Quando estiver perto, folgue as velas ou desengate o motor, e lance um longo cabo flutuante para a vítima o agarrar e, assim, ser puxada para a embarcação. Caso isso não seja possível, deixe que os próprios ventos e a correnteza façam o barco derivar lentamente na direção desejada.

4º Resgate

Com a vítima no costado, puxe-a para bordo. Se ela não conseguir usar a escadinha, use um cabo com nós intercalados, que imitem uma. Use também o bote de apoio como plataforma ou, se estiver num veleiro, uma adriça com um lais de guia na ponta, no qual a vítima poderá encaixar o pé para ser içada por alguém nas catracas. Importante! Só pule na água (com colete salva-vidas e amarrado ao barco) se a vítima estiver ferida, desmaiada ou se afogando.

Alguns cuidados para não cair na água

  • Nunca fique em pé ou trabalhe no convés sem segurar em algo fixo. Lembre-se do popular ditado náutico: “Uma mão para mim, outra para o barco”.
  • Atenção redobrada nas manobras mais bruscas, como curvas acentuadas ou jibes. O timoneiro deve sempre avisar a tripulação quando for realizar uma manobra desse tipo.
  • Evite fazer xixi da borda do casco ou da plataforma de popa, porque qualquer movimento mais brusco pode derrubá-lo na água. Mesmo os homens devem preferir sempre usar o vaso sanitário.
  • Navegando com mau tempo, à noite, ou em solitário, ninguém a bordo deve ficar no convés sem um colete salva-vidas ligado a um cabo que vá da proa à popa ou esteja amarrado ao barco.
  • Tenha no convés, ao alcance das mãos, coisas que possam ajudar caso alguém caia na água, como bóia salva-vidas, lanternas, cabos flutuantes e bóias especiais com bandeiras ou luzes para marcar o local de uma queda.
  • Faça periodicamente a manutenção das grades de proteção, do guarda-mancebo e do piso antiderrapante do seu barco.

 

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