Lenda do jet nacional

Por: Redação -
17/03/2015

Falar de jet no Brasil é obrigatório mencionar Reinaldo Cangueiro, ou simplesmente Cangueiro, uma verdadeira lenda no esporte náutico e talvez o piloto mais vitorioso ou quem sabe o mais experiente ainda em atividade. Com 48 anos de idade, esse paulista natural da Capital, é o retrato de uma geração competitiva que ainda segue em atividade pelo mundo afora.

Advogado, hoje radicado na cidade do interior paulista Fernandópolis, começou a praticar o esporte em 1991 em Armação de Búzios, no Rio de Janeiro, com um equipamento alugado, acabou por se apaixonar pelo “brinquedo”. Retornando a São Paulo comprou seu primeiro jet, um Kawasaki SX 650 stand up, mas sua primeira participação em uma competição foi cinco anos depois, já de Kawasaki X2. De lá para cá são 19 anos dedicados ao esporte náutico e com uma contagem de nada mais, nada menos que 343 troféus em sua estante.

Desse montante são diversos títulos regionais, paulistas, cariocas, e brasileiros. “Sou penta Campeão Brasileiro pela BJSA, e diversas vezes paulista pela LPJS e também pela BJSA”.

Além das competições aqui no Brasil, Cangueiro se aventurou na competição mais difícil do planeta, o mundial de Lake Havasu, Estados Unidos. “No Mundial competi pela primeira vez em 2005, empatei em 2º lugar em pontos, competindo pela categoria Runabout Novice. Competi também pela Runabout Stock, fiquei em primeiro numa bateria e quebrei na segunda.”

Em 2006, Reinaldo retornou a Havasu e correu na Runabout Stock, ficando na 5ª colocação. No ano seguinte correu na categoria Runabout Veteran Expert ficando dessa vez em primeiro lugar na 1ª bateria. Ele disputava o primeiro lugar com um piloto da Tailândia, “tivemos uma forte batida e infelizmente ele quebrou a perna, fratura exposta. Meu jet virou e não pegou mais”. Cangueiro ficou em 7º neste ano e muito triste pela fratura da perna do piloto tailandês. Neste mesmo ano faleceu o piloto da Sérvia, no mesmo dia também em um acidente na corrida, um ano a ser esquecido por Lake Havasu.

Ganga, como também é conhecido, já teve mais de 20 jets, e gosta e recomenda o Sea-Doo RXP-X 260, que na sua opinião é o melhor jet de passeio e competição da atualidade. Acompanho seu perfil e vejo que estás envolvido com UTV, isso quer dizer que abandonou o jet? Ou breve voltará?

“Gosto muito do jet. Na verdade gosto muito de adrenalina, e o UTV está satisfazendo muito neste quesito, pois nos ralies de velocidade, cada curva é uma emoção, uma descarga de adrenalina, isso que motiva a gente a continuar.”

Sua última competição oficial foi na Bolívia, no Sul-Americano em 2013, onde ficou com o vice campeonato. Infelizmente as competições de jet estão diminuindo muito, o que desmotiva os pilotos a investirem nos equipamentos.

Questionado sobre quais as principais competições já esteve, a lista é grande, desde o  Rio Grande do Sul onde foi Campeão em 2012, no Sul-Americano, Categoria Open Lake Master, e vice Campeão na Runabout Open, empatando com o 2º colocado em pontos; Rio de Janeiro, onde foi campeão carioca, além de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Amazonas/Manaus, São Paulo, e fora do Brasil competiu na Bolívia, Paraguai, Chile, Estados Unidos, Argentina, enfim, já rodou o mundo com o jet.

E sobre qual o melhor piloto de jet da atualidade?

“No Brasil tenho que puxar a sardinha para meu braseiro! (risos) Mas gosto muito do jeito de pilotar do Chris McLugage, um cara que era um ídolo pra mim, e que virou um grande amigo, que hoje mora em Lake Havasu, nos EUA, onde são realizadas as competições do Mundial de jet”.

Cangueiro faz menção às competições aqui no Brasil e o cenário é decepcionante, pois a falta de apoio e patrocínio dificulta a realização de provas. O que faz com que o esporte diminua, mas ele acredita que em breve teremos novidades, e haverá fortalecimento do nosso esporte.

A falta de apoio passa principalmente pelas montadoras como Kawasaki, Sea-Doo e Yamaha que além de não apoiarem nenhum piloto, não apoiam as competições. Cangueiro é taxativo “…jet é um brinquedo caro, o esporte é caro, e o comprador do jet, compra porque gosta, porque é apaixonado, por isso as fábricas não se importam com patrocínios ou divulgações, sabem que o comprador vai comprar e pronto. E realmente compra mesmo. Em países mais desenvolvidos o esporte é apoiado e patrocinado, tenho amigos nos EUA que vivem de jet, patrocínios, propagandas etc, isso nunca via existir aqui no Brasil, o país do futebol!”

Nesse rol de competições, países, títulos, troféus, Cangueiro ressalta que falta apenas uma única prova para ele poder correr e talvez “pendurar as chuteiras”, um endurance no Caribe.

Conhecer o Cangueiro e poder compartilhar de sua amizade, mesmo que nas redes sociais e algumas vezes por ano durante as competições é um privilégio para poucos. Poder ouvir suas histórias e conhecimentos faz desse brasileiro um exemplo de determinação e amor ao esporte.

 

Ricardo Fuchs é fotógrafo da JetSkiNworld & Photojetski e viaja o mundo atrás das impressionantes imagens das competições de jets

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